Neguin, Pt. 2 (part. LEALL)

Racismo, resistência e esperança em “Neguin, Pt. 2 (part. LEALL)”

Em “Neguin, Pt. 2 (part. LEALL)”, VND aborda de forma direta a vulnerabilidade dos jovens negros nas periferias e como a sociedade frequentemente os enxerga como ameaça. A repetição da frase “um neguin em perigo é letal como um tiro” destaca não só o risco constante a que esses jovens estão expostos, mas também o estigma que recai sobre eles. O termo “neguin” carrega um significado afetivo e identitário, mas também evidencia a marginalização e o preconceito enfrentados diariamente, reforçando a necessidade de empatia e reconhecimento social.

A letra retrata a rotina marcada pelo medo, violência e falta de oportunidades. Trechos como “Na mochila carrego sonhos, no bolso uma droga que nem usou” mostram o contraste entre as aspirações e a dura realidade, onde até a inocência pode ser criminalizada. A frase “cada giroflex um pavor” ilustra o medo constante da polícia, enquanto “Juninho, sem documento nem existe o cadáver” denuncia a desumanização e o apagamento de vidas negras. Mesmo com conquistas, como a carreira artística, o racismo persiste: “mesmo com todo poder que eu senti nessa vida de artista, uma palavra racista ainda faz eu me sentir um fraco” revela o impacto emocional do preconceito.

A música constrói uma narrativa de resistência e esperança. Ao afirmar “eu também sou um anjo” e “meu mano, eu sou igual a você”, VND e LEALL humanizam os jovens negros e reivindicam sua dignidade. O questionamento sobre o futuro, como em “pensando o que eu vou dizer pro meu filho no primeiro enquadro”, amplia o debate para a urgência de transformação social e empatia coletiva.