Runner

Violência policial e resistência em "Runner" de VND

A música "Runner" de VND aborda de forma direta como a corrida, além de ser símbolo de esporte e superação, se torna uma questão de sobrevivência para quem vive nas periferias. O verso “Corro dos cana, Andre De Grasse” faz uma ligação clara entre a fuga da polícia e a imagem de um velocista olímpico, mostrando que, para muitos jovens negros e periféricos, correr não é uma escolha, mas uma necessidade diante da violência policial e do abandono do Estado. A menção a atletas como Andre De Grasse, Walter Payton, Christian Coleman, Yohan Blake e Usain Bolt reforça o contraste entre a admiração pela velocidade no esporte e a urgência de correr para sobreviver nas ruas, criando um duplo sentido entre glória esportiva e luta diária.

A letra também traz referências diretas a casos reais de violência policial, como nos versos “Das balas que mataram Evaldo” e “Esse tiro que acertou João Pedro”, colocando em destaque o luto e a indignação diante de mortes que se repetem nas comunidades marginalizadas. O refrão “Runner, runner, runner” reforça a sensação de urgência e o ciclo contínuo de fuga, enquanto versos como “Corra até estancar o sangue” e “Corra do Estado, informe” denunciam a brutalidade policial e a percepção de que o Estado é uma ameaça, não uma proteção. Apesar do cenário hostil, a música também traz uma mensagem de resistência e esperança, como em “Use seus pés neguinho / Corra que o futuro a ti pertence”, mostrando que, mesmo diante das adversidades, a busca por liberdade e dignidade continua presente.