Grau e Madeira

Identidade e resistência social em "Grau e Madeira"

Logo no início de "Grau e Madeira", Vulgo Makco faz referência a "Portinari Mestiço e Operários de Tarsila", conectando sua vivência à identidade brasileira e à luta do povo retratada por artistas como Candido Portinari e Tarsila do Amaral. Ao citar essas obras, Makco mostra que sua trajetória e a de sua comunidade fazem parte de uma história marcada por desafios, conquistas e resistência, temas presentes em seu EP "Verso, Universo, Multiverso".

O refrão “Proibido dar grau sujeito a paulada / Se vai tem que ir com fé / Cuidado com a influência” usa a gíria "dar grau" (empinar moto) como metáfora para a ousadia e o risco enfrentados nas periferias, alertando para as consequências de desafiar normas e a violência policial. O verso “Deus não se esqueça de nós” reforça a vulnerabilidade e a busca por proteção diante das dificuldades diárias. Makco também critica a ideia de meritocracia e a falta de reparação histórica: “É que no final nem sempre tem a reparação histórica que a gente busca”, destacando a desigualdade e os obstáculos para a ascensão social, mesmo com esforço e talento.

Ao mencionar nomes como Zico, Romário, Elon Musk e referências tecnológicas como “Macintosh no Windows”, Makco mistura cultura popular, esportiva e globalizada, mostrando como a periferia dialoga com o mundo, mas ainda enfrenta barreiras estruturais. A letra, com tom urbano e direto, usa metáforas e gírias para retratar as contradições e esperanças de quem vive à margem, mas segue em frente "do meu jeito tá na mente".