Game on

Combate gamer e legado em “Game on” de Waka Flocka Flame

Apesar de estar na trilha de Pixels, “Game on” abre com “This is not a game now” (isso não é um jogo agora), elevando a disputa a sobrevivência e legado. O vocabulário de fliperama — “Spent up all your change/your turn is done” (você gastou todas as fichas/sua vez acabou) — vira metáfora de chances esgotadas, sem continues. Em sintonia com o filme, a faixa mistura rap e rock para encarar inimigos que parecem saltar dos jogos: “we’re the ones who made you” (fomos nós que criamos vocês) lembra que os humanos criaram esses clássicos, então não há motivo para medo. Com participação do Good Charlotte, o refrão “Game on” (jogo valendo) funciona como grito de largada e empoderamento, reforçado pelo aviso de urgência “until you’re gone” (até você desaparecer). O clipe, com estética 8-bit e cenas de Pixels, amarra a linguagem gamer ao combate “real”.

Como narrador, Waka Flocka Flame se coloca como líder e competidor incansável: “assassin, soldier and a captain” (assassino, soldado e capitão), mirando os “has-beens” (ex-famosos que ficaram para trás). O foco é vencer rivais e o relógio: “I’m racin’ against nothin’ but time” (corro apenas contra o tempo) para cravar “that number one spot legacy I see is my hit” (aquele posto de número um, o legado que enxergo, é meu alvo). As metáforas afiadas mantêm o tom: “They gon’ play me like a playstation” (vão querer me jogar como um PlayStation) e “Get xbox deleted” (vou te deletar, tipo Xbox); “No controller but me playin’ my game” (sem controle alheio; quem joga meu jogo sou eu) afirma autonomia; “Killer instinct” (instinto assassino) acena ao game de luta e à ferocidade. Há ainda o trocadilho: “I can’t let you mini-mes steal my austin powers” (não posso deixar seus mini-eus roubarem meus poderes, tipo Austin Powers). No fim, a emoção é agressividade focada de quem treinou: “It’s do or die, it’s all practice” (é vencer ou morrer; todo o resto foi treino).