Misturação

A Profundidade Poética de 'Misturação' de Walter Franco

A música 'Misturação' de Walter Franco é uma obra que explora a complexidade das emoções humanas e a dualidade da existência. A letra começa com uma série de metáforas que sugerem um estado de introspecção e reflexão. O 'raciocínio lento' e o 'poço, pensamento' indicam um mergulho profundo na mente, onde o tempo parece desacelerar e os pensamentos se tornam mais densos. O 'olho, orifício' e o 'passo, precipício' evocam a vulnerabilidade e o risco inerentes ao ato de ver e agir no mundo.

O refrão, repetido duas vezes, expressa um desejo de transformação e libertação. 'Eu quero que esse teto caia' pode ser interpretado como um anseio por romper com as limitações e barreiras que nos cercam, enquanto 'Eu quero que esse afeto saia' sugere a necessidade de liberar emoções reprimidas. A repetição dessas frases reforça a urgência e a intensidade desse desejo.

A estrofe final traz uma imagem vívida e sensorial: 'Em vermelho natural / No rosto e no lençol / Com gosto de água e sal / Misturando o bem e o mal'. O vermelho pode simbolizar paixão, dor ou vida, enquanto o 'gosto de água e sal' remete às lágrimas e ao suor, elementos intrinsecamente humanos. A 'misturação' do bem e do mal reflete a complexidade da experiência humana, onde emoções e situações opostas coexistem e se entrelaçam. Walter Franco, conhecido por sua abordagem experimental e poética, utiliza essa letra para nos convidar a uma reflexão profunda sobre a natureza das nossas emoções e a dualidade da vida.