Macumbembê, Samborembá: Sonhei Que Um Sambista Sonhou a África

Samba, ancestralidade e sonho em “Macumbembê, Samborembá: Sonhei Que Um Sambista Sonhou a África”

A música “Macumbembê, Samborembá: Sonhei Que Um Sambista Sonhou a África”, de Wander Pires, destaca a profunda ligação entre o samba e as tradições afro-brasileiras, especialmente a macumba, na formação da identidade cultural do Rio de Janeiro. Inspirada na visão de Heitor dos Prazeres sobre a “Pequena África”, a canção utiliza expressões como “macumbembê” e “samborembá” — retiradas da canção “Tia Chimba” — para mostrar que samba e ritos de matriz africana são inseparáveis. Isso fica claro no verso: “Macumba é samba e o samba é macumba / Pode até fazer quizumba / Só não pode é separar”, reforçando que a essência do samba está enraizada nessas tradições. A música celebra essa integração como um sonho coletivo, onde a ancestralidade africana floresce no Brasil, especialmente na antiga Praça Onze, berço do samba carioca.

A letra segue uma narrativa de sonho, inspirada pelo próprio Heitor, que via nos sonhos uma fonte de criação artística. Trechos como “firmou ponto na Bahia / E na África pequena / Germinou pra florescer” traçam a trajetória do samba desde suas origens africanas, passando pelos terreiros e quintais, até chegar a lugares emblemáticos como a Pedra do Sal e a casa de Tia Ciata. A música também faz referência a figuras históricas do samba (Noel, Cartola, Paulo Brasão) e a entidades do candomblé (Oxóssi, Oxum, Xangô), ampliando o sentimento de pertencimento e reverência às raízes negras. O verso “No branco da tela o azul do pincel / Vem ser aquarela / Pintar a Unidos de Vila Isabel” homenageia a faceta de pintor de Heitor dos Prazeres e exalta as cores da escola de samba. Ao final, a canção se transforma em uma oferenda de sonhos, tambores e tintas a Heitor, celebrando sua importância para a cultura brasileira e para a história do samba.