Solringen

Ritualidade e ciclos naturais em "Solringen" de Wardruna

"Solringen", do Wardruna, explora o ciclo solar como um "anel do sol", trazendo uma visão de tempo e existência profundamente conectada à natureza e à mitologia nórdica. O movimento circular do sol, expresso no verso “Sola gjekk I ringen, sumaren sende” (O sol fez seu círculo, o verão chegou), representa não só a passagem das estações, mas também o eterno retorno da vida, morte e renascimento. Elementos como galos cantando ao amanhecer e elfos nos campos remetem, segundo Einar Selvik, a antigas tradições em que mulheres despertavam os espíritos da natureza para garantir fertilidade e boas colheitas. Assim, a música funciona como um ritual contemporâneo que busca reavivar práticas ancestrais de conexão com o mundo natural e espiritual.

A letra também integra figuras mitológicas como as Nornas, deuses, lobos, corvos e gigantes para mostrar a interdependência entre o destino humano e as forças da natureza. As Nornas “spinnande, lagnadar bindande” (fiando, atando destinos) e os deuses “gråtande” (chorando) indicam que até mesmo entidades divinas estão sujeitas ao ciclo inevitável do tempo. Imagens recorrentes de crescimento e transformação, como “åkrar voksande, soli skinande” (campos crescendo, o sol brilhando), reforçam o clima ritualístico e contemplativo da canção, convidando o ouvinte a refletir sobre seu papel dentro desse ciclo universal. "Solringen" é, portanto, um convite ao respeito e à participação ativa nos ritmos que sustentam a vida.