Persistir (part. Rn Do Tm)

Persistência e escolha em “Persistir (part. Rn Do Tm)”

Por trás da ostentação — “as notas nós vai contar/ bitch sentar” — a faixa expõe uma escolha moral entre crime e arte. O ponto-chave é a ideia de exemplo: quando solta “O crime bateu na minha porta, eu fechei”, a vitória não é o dinheiro, é mostrar pros moleque que dá para persistir no rap. A letra reconhece o atalho sedutor — “na boca uma vida sem lei/ dia e noite no plantão” — mas realinha o foco em família (“meu desejo é ver minha coroa sorrir”), fé (“Deus sempre nos guardará/ Quem me protege certeza não dorme”) e trabalho de verdade (“peguei o microfone… provei na prática”). “Lobo guará tá gritando bem” codifica grana alta (nota de 200), e “toca a nave”, “porta uma peça”, “rodar” e “plantão” situam o vocabulário da quebrada, sem romantizar: “o sistema oprimindo quem nasce aqui embaixo” e “tentou no mercado e foi só esculacho” apontam a hipocrisia que julga o corre e nega oportunidade.

A trajetória vai do perrengue ao ganho com consciência. Há memória de quem sustentou no difícil (“Valdimara que me ajudou”), o prazer imediato aparece sem filtro (“bebendo Jack… ela tira o sutiã”), mas o recado é responsabilidade: “pensa antes de meter a peça/ nunca se esqueçam dos nobres valores”. O clima sai do triunfo de rua para a reflexão, com pedido de perdão (“Pai me perdoe”) e gratidão discreta (“sempre agradeço em silêncio na noite”). A entrada de Rn Do Tm amplia a visão — “cidade pequena com a mente gigante” — reforçando a periferia e a autenticidade local, ecoando a cena do RN destacada no contexto online, e costura crítica social com conquista: “Se nós tem, foi muito sufoco… Hoje o bonde evoluiu”. Em “Persistir (part. Rn Do Tm)”, W.I. transforma o corre em lição: persistir é escolher certo mesmo quando a porta errada parece mais fácil.