Wonderful (feat. Jeff Goldblum, Cynthia Erivo & Ariana Grande)

Ambiguidade moral e manipulação em “Wonderful (feat. Jeff Goldblum, Cynthia Erivo & Ariana Grande)”

A música “Wonderful (feat. Jeff Goldblum, Cynthia Erivo & Ariana Grande)”, interpretada pelo Wicked Movie Cast, aborda de forma irônica como a verdade pode ser manipulada e como reputações são construídas a partir de percepções coletivas, não de fatos. O trecho “The truth is not a fact or reason / The truth is just what everyone agrees on” (“A verdade não é um fato ou razão / A verdade é apenas aquilo com que todos concordam”) revela o cinismo do Mágico de Oz, que admite que a verdade depende do consenso, não da realidade. Isso se reforça quando ele diz: “we got a whole lot of people who believe all sorts of things that aren't true / You know what we call it? History” (“temos um monte de gente que acredita em todo tipo de coisa que não é verdade / Sabe como chamamos isso? História”), mostrando como narrativas históricas podem ser moldadas por conveniência, não por objetividade.

O tom leve e cômico da música, especialmente nas interações entre o Mágico, Glinda e Elphaba, contrasta com o tema central de ambiguidade moral. O Mágico se apresenta como “wonderful” porque assim foi rotulado, não por mérito real, e Glinda reforça essa imagem, evidenciando como fama e prestígio podem ser fabricados e mantidos pela aceitação coletiva. Quando Glinda propõe a Elphaba: “Together, we're unlimited” (“Juntas, somos ilimitadas”), sugere que poder e influência podem ser alcançados se ambas aceitarem manipular aparências, ignorando questões éticas. A resposta direta de Elphaba, “So you lied to them?” (“Então você mentiu para eles?”), destaca o conflito entre integridade e conveniência, enquanto o Mágico minimiza a gravidade da mentira, reforçando o tom cínico da canção. A performance de Jeff Goldblum, Cynthia Erivo e Ariana Grande na adaptação cinematográfica intensifica esse contraste entre o brilho superficial do “wonderful” e a complexidade moral por trás da narrativa, funcionando como uma crítica bem-humorada à facilidade com que a verdade pode ser distorcida e à preferência humana por narrativas confortáveis, mesmo que ilusórias.