Escravos De Jó

Infância e cultura popular em “Escravos De Jó” de Wilson Simonal

Na versão de “Escravos De Jó” gravada por Wilson Simonal, a música ganha um tom nostálgico e lúdico ao resgatar lembranças da infância e das tradicionais brincadeiras de roda. Logo no início, versos como “Quando eu era menininho / A gente sentava no chão / Com uma caixa de fósforo na mão” reforçam essa memória afetiva, transportando o ouvinte para um tempo de simplicidade, convivência e alegria coletiva, típicos das rodas infantis.

A letra faz referência direta à cantiga popular “Escravos de Jó”, muito conhecida nas brincadeiras de roda brasileiras. Apesar de citar o personagem bíblico Jó, não há comprovação de relação histórica com a escravidão ou com o próprio Jó, o que é um ponto importante do contexto. O termo “caxangá” permanece sem significado definido, o que contribui para o caráter enigmático da canção. As repetições de frases como “tira, bota, deixa ficar, deixa cair” e “guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue za” remetem ao ritmo e à dinâmica da brincadeira, transmitindo leveza e descontração. Ao incorporar elementos de samba e soul, Simonal transforma a cantiga em uma celebração da cultura popular, tornando-a divertida e acessível para diferentes gerações, sem perder o tom de saudade e alegria das memórias de infância.