Denkmal

“Denkmal”: amor vivo contra a estátua e o pedestal

“Denkmal” brinca com duplo sentido: “monumento” e “denk mal” (pensa aí), criticando a mania de transformar amor vivo em peça de museu. No enredo, o casal encontra a própria estátua “ohne uns enthüllt” (inaugurado sem nós) e reage sem cerimônia: pressa, marreta e nada de romance. A cena é mundana e irônica: atrás do “Wellblechzaun” (cerca de chapa ondulada), em frente ao Aldi, com “Blumen und Girlanden” (flores e guirlandas) já amassadas — como se a sociedade embalasse o amor num kit pronto e descartável. A inscrição dourada “wir sollen in Ewigkeit ruhen” (devemos repousar pela eternidade) crava a crítica: institucionalizar o amor é enterrá-lo, pedir que descanse em paz em vez de deixá-lo viver.

Daí a urgência que vira refrão de ação: “Hol den Vorschlaghammer” (pega a marreta). E a tese vem direta em “jeder Vollidiot weiß / dass das die Liebe versaut” (todo idiota sabe / que isso estraga o amor). Até a destruição evita novo pedestal: eles chamam “die schlechtesten Sprayer” (os piores pichadores) para sujar os “Trümmer” (escombros), impedindo que a ruína vire obra bonita. O auge da ironia aparece em “Wenn uns jetzt hier wer erwischt sind wir für immer vereint / in Beton und Seligkeit” (se alguém nos flagrar aqui agora, estaremos para sempre unidos / em concreto e bem‑aventurança): felicidade embalsamada, prisão com verniz. No pop rock com pegada de NDW, que injeta uma pressa dançante, e até nas reencarnações recentes — como o remix do HBz, que recolocou a faixa no radar — a mensagem segue clara: amor é movimento, não cabe em placa de bronze.