The Sofa

Contradições e aceitação em "The Sofa" de Wolf Alice

Em "The Sofa", Wolf Alice explora a aceitação das próprias contradições e a liberdade de ser múltiplo. Ellie Rowsell, vocalista da banda, expressa de forma direta como é possível sentir e desejar coisas opostas sem culpa. O trecho “I can be happy, I can be sad / I can be a bitch when I get mad / I want to settle down, oh to fall in love / But sometimes I just want to fuck” (“Posso ser feliz, posso ser triste / Posso ser insuportável quando fico brava / Quero sossegar, me apaixonar / Mas às vezes só quero transar”) mostra essa honestidade sobre os próprios desejos e humores, rejeitando a ideia de que alguém precisa se encaixar em um único papel ou expectativa.

O sofá, repetido como símbolo ao longo da música, representa um espaço de conforto onde Rowsell se permite ser imperfeita e autêntica. No videoclipe, ela é transportada por Londres sem sair do sofá, reforçando a ideia de encontrar serenidade na rotina e nos pequenos prazeres. A frustração de não ter se mudado para a Califórnia e a sensação de estar presa em Seven Sisters, citadas na letra, ganham novo significado quando Rowsell canta “Feels a little like I'm stuck in Seven Sisters / North London, oh England / And maybe that's ok” (“Parece que estou presa em Seven Sisters / Norte de Londres, oh Inglaterra / E talvez tudo bem”). Assim, ela transforma a estagnação em aceitação, mostrando que a felicidade pode estar no cotidiano. O hábito de reassistir “Peep Show”, mencionado em entrevistas e na letra como “put the reruns on TV” (“colocar as reprises na TV”), reforça que buscar conforto no familiar é válido. "The Sofa" celebra o autoconhecimento, a liberdade de ser quem se é e a tranquilidade de aceitar a própria história, sem se prender a expectativas externas.