Varoa Possuida

A Subversão da Santidade em 'Varoa Possuída' de XEHLI G

A música 'Varoa Possuída' de XEHLI G é uma obra que desafia convenções e explora temas de sexualidade, religião e rebeldia. A letra é marcada por uma linguagem explícita e provocativa, que utiliza metáforas e imagens fortes para transmitir uma mensagem de libertação e transgressão. A personagem central da música, referida como 'varoa possuída', é uma mulher que se encontra em um estado de conflito interno e externo, lutando contra as expectativas sociais e familiares.

A primeira estrofe já estabelece o tom da música, com a protagonista descrevendo sua 'xota doente' e a 'enfermidade da pesada', que é diagnosticada como 'falta de cacete'. Essa linguagem crua e direta serve para chocar e chamar a atenção para a repressão sexual que a personagem enfrenta. A menção à família que a deserdou por querer sua 'santidade' sugere um ambiente opressivo e conservador, do qual ela busca se libertar através de atos de rebeldia, como 'degolar e beber o sangue' e 'enterrar sua virgindade'.

A conversão e a adoção da identidade de 'crente' são apresentadas de forma irônica e subversiva. A protagonista se ajoelha e é 'batizada na raba', uma imagem que mistura rituais religiosos com atos sexuais, desafiando a dicotomia entre o sagrado e o profano. A repetição dessa estrofe reforça a ideia de que a personagem está redefinindo sua própria espiritualidade e identidade, longe das normas impostas pela sociedade.

A referência ao 'Jardim do Éden' e à 'maçã' é uma metáfora poderosa que remete à narrativa bíblica da queda do homem. No entanto, a protagonista 'desmata o jardim' mas 'salva a maçã', sugerindo uma reinterpretação do pecado original. Ela se apropria dessa narrativa para afirmar sua própria agência e desejo. O 'culto' descrito como 'coitô' e 'tipo um ritual' é uma celebração da sexualidade como uma forma de resistência e autoafirmação, desafiando as noções tradicionais de moralidade e pureza.