Dear God

Crítica à fé e à religião em "Dear God" da XTC

"Dear God", da XTC, transforma uma oração tradicional em um protesto direto contra a fé cega e a religião institucionalizada. Andy Partridge, inspirado por livros com cartas de crianças a Deus, adota um tom inicialmente inocente, mas logo o subverte ao abordar temas como fome, guerras e doenças. Versos como “all the people that you made in your image / See them starving on their feet” (todas as pessoas que você fez à sua imagem / Veja-as passando fome em pé) e “See them fighting in the street / 'Cause they can't make opinions meet / About God” (Veja-as brigando nas ruas / Porque não conseguem chegar a um acordo sobre Deus) evidenciam a indignação do compositor diante do sofrimento humano e dos conflitos causados por divergências religiosas.

O impacto da música foi intensificado pelo contexto histórico: "Dear God" gerou polêmica, recebeu ameaças de bomba e foi alvo de protestos em escolas, mostrando como suas críticas tocaram em questões sensíveis. Partridge questiona não só a existência de Deus, mas também a origem dos textos sagrados, como em “Your name is on a lot of quotes in this book / Us crazy humans wrote it; you should take a look” (Seu nome está em muitas citações neste livro / Nós, humanos malucos, escrevemos isso; você deveria dar uma olhada). Ao perguntar “Did you make mankind / After we made you?” (Você criou a humanidade / Depois que nós criamos você?), ele sugere que a ideia de Deus pode ser uma invenção humana. Ao rejeitar conceitos como céu, inferno, santos e demônios, Partridge encerra com a frase: “If there's one thing I don't believe in / It's you / Dear God” (Se tem uma coisa em que não acredito / É em você / Querido Deus), consolidando a música como um questionamento corajoso sobre fé, sofrimento e responsabilidade humana.