Sanctify

Ressignificação do sagrado em "Sanctify" de Olly Alexander

Em "Sanctify", Olly Alexander (Years & Years) desafia a visão tradicional de pecado ao usar referências religiosas para valorizar a homossexualidade. O verso “Sanctify my sins when I pray” (“Santifica meus pecados quando eu rezo”) inverte a lógica da culpa, sugerindo que o desejo e o amor entre pessoas do mesmo sexo podem ser vistos como algo sagrado, não como algo a ser redimido. Alexander se inspira em suas próprias experiências e nas de outros homens que enfrentam dificuldades para aceitar sua sexualidade, trazendo à tona o conflito entre desejo, vergonha e a busca por aceitação.

A letra aborda de forma direta a vulnerabilidade de quem vive esse dilema. Trechos como “You don't have to be straight with me / I see what's underneath your mask” (“Você não precisa fingir ser hétero comigo / Eu vejo o que está por trás da sua máscara”) mostram empatia e compreensão, reconhecendo a dor de esconder a verdadeira identidade. Metáforas como “walk through the fire with you” (“andar pelo fogo com você”) e “sanctify my body with pain” (“santificar meu corpo com dor”) indicam que o processo de autoaceitação pode ser difícil, mas também libertador. O refrão reforça a ideia de orgulho e autoafirmação ao afirmar que não há motivo para vergonha. O título do álbum, "Palo Santo", carrega um duplo sentido: além do significado espiritual, faz uma crítica irônica à masculinidade tradicional, ampliando a discussão sobre o que é considerado sagrado ou aceitável. Assim, "Sanctify" se destaca como um hino de redenção e celebração da diversidade.