Um Certo Alguém

Nostalgia e amor persistente em “Um Certo Alguém”

Logo no início de “Um Certo Alguém”, YUNG LIXO (yun li) faz referência ao Chevette, um detalhe que vai além da nostalgia: essa escolha conecta a música ao universo de “Bete Balanço”, do Barão Vermelho, evocando o clima de juventude, noites na rua e romances marcantes dos anos 80. Esse cenário serve como pano de fundo para um protagonista que, apesar de viver intensamente e se envolver com várias pessoas — como mostram as menções a “Rosa, a Maria e a sua amiga Katherine” —, não consegue esquecer uma pessoa específica. O refrão reforça esse sentimento ao afirmar: “nada tira você da minha consciência”.

A letra brinca com o clichê do conquistador, mas revela que, no fundo, o personagem está preso a um amor do passado. O verso “já namorei mais de cem vez, quase me casei com mais de três” usa o exagero para mostrar que quantidade de relacionamentos não substitui um sentimento verdadeiro. Quando o eu lírico fala em “rasgar a lista telefônica”, a metáfora é clara: ele está disposto a abrir mão de todas as outras possibilidades por esse amor que não sai da cabeça. A influência de “Bete Balanço” e o tom nostálgico reforçam a ideia de que, mesmo com o passar do tempo e novas experiências, algumas pessoas deixam marcas profundas e insubstituíveis.