Limerence

A busca por permanência e afeto em “Limerence” de Yves Tumor

Em “Limerence”, Yves Tumor opta por uma gravação caseira e espontânea, o que revela a vulnerabilidade dos envolvidos e a tentativa de eternizar momentos íntimos diante da consciência de que tudo é passageiro. O desconforto de um dos parceiros ao ser filmado, contrastando com a insistência carinhosa do outro em registrar e compilar esses vídeos para o futuro, mostra o desejo quase obsessivo de preservar o amor e a conexão, mesmo sabendo que nada dura para sempre. Esse sentimento está diretamente ligado ao conceito de "limerence", que descreve a ânsia intensa por proximidade e validação afetiva, e também dialoga com o espírito da coletânea “Mono No Aware”, que celebra a beleza melancólica do efêmero.

A repetição de frases como “You know I'ma put all these videos together?” (Você sabe que eu vou juntar todos esses vídeos?) e “As we get older and older and older” (À medida que ficamos mais velhos e mais velhos) reforça a esperança de que, ao gravar e revisitar esses momentos, seja possível desafiar o tempo e manter viva a intensidade do sentimento. No entanto, os sons do ambiente e o tom casual da conversa deixam claro que, por mais que se tente capturar o instante, a memória e o afeto estão sempre sujeitos à mudança e ao esquecimento. Assim, “Limerence” se apresenta como um retrato sensível da tentativa humana de fixar o amor no tempo, reconhecendo ao mesmo tempo a inevitável transitoriedade das emoções e dos relacionamentos.