O Punhal da Vingança

Perdão e tragédia em "O Punhal da Vingança" de Zé Fortuna & Pitangueira

Em "O Punhal da Vingança", Zé Fortuna & Pitangueira apresentam uma reviravolta marcante ao abordar o tema da vingança. A narrativa gira em torno do pacto entre Tereza e José, que prometem vingança caso sejam separados. No entanto, ao se tornar padre, José opta pelo perdão e entrega o punhal a Tereza junto com um bilhete, dizendo: "com Deus aprendi perdoar". Esse gesto surpreende, pois rompe com a expectativa de violência e mostra uma escolha consciente pelo perdão, mesmo diante de uma promessa antiga.

A música reflete elementos tradicionais do sertanejo de raiz, como honra, palavra dada e o peso das tradições familiares. O punhal, símbolo de vingança e honra, representa tanto o pacto de amor quanto a dificuldade de romper com costumes rígidos. Lançada em 1957, a canção carrega a dramaticidade típica das composições de Zé Fortuna, que também era dramaturgo. O desfecho trágico, com o suicídio de Tereza ao som dos sinos da igreja, ressalta como valores tradicionais podem gerar sofrimento profundo quando confrontados com sentimentos não resolvidos. Assim, a música mostra que o perdão pode ser libertador para alguns, mas também pode desencadear consequências dolorosas para quem não consegue lidar com o passado.