Tarde No Sertão

Solidão e esperança em "Tarde No Sertão" de Zé Mulato e Cassiano

"Tarde No Sertão", de Zé Mulato e Cassiano, retrata com sensibilidade a solidão e a nostalgia vividas pelo trabalhador rural ao final do dia. A música destaca como a natureza, representada por imagens como "sabiá o seu vizinho" e o "coral de alegria" das aves, serve de companhia, mas também evidencia o isolamento do caboclo. Mesmo cercado de vida, o personagem sente-se só, e a viola surge como um instrumento de desabafo, mostrando que, apesar da rotina dura e do isolamento, há espaço para expressar emoções e buscar alívio na música.

A canção reflete o compromisso da dupla com a valorização da música caipira tradicional, retratando fielmente o cotidiano do sertanejo: o fim do trabalho, o retorno ao rancho simples e a convivência com a natureza. Imagens como o "sol avermelhado" e a "sombra do espigão" criam uma atmosfera de serenidade, mas também sugerem a passagem do tempo e a melancolia do entardecer. A metáfora do sabiá "cantando uma paixão sem ter" reforça o sentimento de saudade e desejo, espelhando a solidão do personagem, que "desabafa na viola" enquanto espera por um novo dia. Assim, a música transmite não só a rotina, mas também a profundidade emocional e a resiliência do homem do sertão diante da vida simples e solitária.