Vô Imbolá

Mistura de referências e irreverência em “Vô Imbolá”

“Vô Imbolá”, de Zeca Baleiro, já começa mostrando o tom descontraído e criativo do artista. O título faz referência à embolada, um estilo musical nordestino marcado por versos improvisados e ritmo acelerado, e também simboliza a mistura de influências e experiências que definem a carreira de Baleiro. O refrão, com trocadilhos como “Imbola vô imbolá / Eu quero ver rebola bola”, brinca com a sonoridade das palavras e sugere tanto o movimento da dança quanto a ideia de lidar com as confusões da vida de forma leve e divertida.

A letra traz várias referências culturais e pessoais. Zeca Baleiro cita Frank Zappa e Jackson do Pandeiro, artistas conhecidos por misturar estilos e ousar em suas criações, o que reflete a própria proposta do cantor de transitar entre baião, samba, rock e reggae. Ao mencionar seu apelido – “Me chamei Zeca Baleiro / Pra melhor me apresentar” –, ele reforça sua identidade bem-humorada, ligada ao hábito de comer balas. Em versos como “Nasci danado pra prender vida com clips / Ver a lua além do eclipse / Já passei por bad trips / Mas agora o que eu quero / É o escuro afugentar”, Baleiro mostra que já enfrentou dificuldades, mas busca leveza e alegria, usando a música como forma de superação.

No final, a mistura de nomes como “Bob Dylan banda de pife / Luiz Gonzaga Jimmy Cliff” e as menções a Recife e ao sol nordestino reforçam a celebração da diversidade e dos encontros improváveis. O verso “Eu vou vender a minha, vender a minha van, minha vã filosofia” brinca com o duplo sentido entre o veículo e a expressão “vã filosofia”, sugerindo desapego das certezas e entrega ao improviso, que são a essência tanto da embolada quanto da visão de vida de Zeca Baleiro.