Eu Não Sou Eu

A Dualidade do Ser em 'Eu Não Sou Eu' de Zélia Duncan

A música 'Eu Não Sou Eu' de Zélia Duncan explora a complexidade das relações humanas e a dualidade da identidade. A letra começa com a artista se descrevendo como uma 'miragem', uma 'sombra fresca da sua realidade', sugerindo que ela é uma projeção dos desejos e expectativas do outro. Essa metáfora inicial estabelece o tom da música, que questiona a autenticidade e a percepção nas relações amorosas. A ideia de ser uma 'ilusão de ótica palpável' e 'improvável' reforça a noção de que a identidade apresentada ao outro pode ser uma construção, algo que conforta e, ao mesmo tempo, assombra.

No segundo verso, a artista se questiona sobre a reciprocidade do amor, perguntando por que ela mostra apenas 'metade do meu amor inteiro' e por que não houve continuidade nos beijos. Essas perguntas refletem a incerteza e a frustração que muitas vezes acompanham os relacionamentos, onde a entrega emocional pode ser parcial e os gestos de afeto, interrompidos. A repetição da pergunta 'Me diz primeiro' enfatiza a busca por respostas e a necessidade de compreensão mútua.

No refrão, Zélia Duncan se descreve como 'seu corpo mais forte', 'seu alvo atingido' e 'sua semente que nasceu', mas que não consegue dar o 'fruto doce, já crescido'. Essa metáfora agrícola sugere que, apesar do potencial e do investimento emocional, a relação não amadureceu como esperado. A repetição da frase 'eu não sou eu' no final da música sublinha a ideia de que a identidade da artista é uma construção do outro, uma 'visão do seu amor'. A música, portanto, aborda a dualidade do ser e a dificuldade de ser verdadeiramente compreendido e aceito em sua totalidade nas relações amorosas.