Panela do Axé

Resistência e ancestralidade em “Panela do Axé” de Zeus MC

Em “Panela do Axé”, Zeus MC transforma a celebração das religiões afro-brasileiras em um manifesto de resistência, orgulho e combate à intolerância religiosa e ao racismo. O título já sugere a mistura de elementos culturais e espirituais, e a letra reforça essa ideia ao citar práticas, divindades e tradições do Candomblé, Umbanda, Ketu, Ifá e Kimbanda, como em: “Salve o Candomblé / Salve a Umbanda / Salve o Ketu / Salve o Ifá / E a minha Kimbanda sagrada”. O uso de termos como “curimbeira” e “macumba da boa”, além das referências a Exu, Xapanã (Obaluaê) e Oxóssi, evidencia o respeito e a valorização dessas tradições, enfrentando estigmas históricos.

Zeus MC também afirma sua identidade e ancestralidade, como em “Hoje eu me sinto amparado / Com corpo sempre fechado / Atoto / Na força de Xapanã”, mostrando como a fé nas entidades protege diante do preconceito. A menção à Mãe Menininha e ao barracão em Salvador conecta a letra a figuras e lugares emblemáticos das religiões de matriz africana. O rapper aborda temas sensíveis, como racismo e distorção de informações religiosas: “Se a pele for preta ainda é muito pior / Racismo / Quem se submete a tocar na ferida pra impactar / Muita visão pro cê captar / A mente do cego que julga sua fé / Pra cometer equívocos com base em livros / Um tanto quanto distorcidos”. No final, Zeus MC amplia o respeito a todas as crenças, citando figuras de diferentes tradições, como Jesus Cristo, Buda, Allah, Chico Xavier e xamãs, e declara: “Deus é um só / Salve o povo da macumba / Salve o meio esotérico / Salve as bruxas / Dessa vez elas não vão ser queimadas”. Assim, “Panela do Axé” se destaca como um hino de resistência, inclusão e valorização das raízes afro-brasileiras, defendendo a liberdade religiosa e o respeito à diversidade espiritual.