Alma Inocente

Tragédia familiar e culpa em "Alma Inocente" de Zilo e Zalo

"Alma Inocente", composta por Benedito Seviero e Zalo e gravada por Zilo e Zalo em 1960, aborda o impacto devastador do ciúme infundado dentro de uma família. A canção narra a história de um homem que, tomado por um ciúme irracional — descrito no verso “Mas numa noite pelo ciúme enfeitiçado / Sem ter motivo eu jurei que irei matar” —, expulsa a esposa de casa. O termo “enfeitiçado” destaca como o ciúme age de forma quase sobrenatural, levando o protagonista a uma decisão impulsiva e destrutiva.

O sofrimento não recai apenas sobre o casal, mas principalmente sobre o filho pequeno, que, sem compreender a situação, pede ao pai: “Papaizinho vá buscar minha mãezinha / Que aqui de casa o senhor mandou embora”. Esse pedido inocente intensifica o remorso do pai, evidenciando o peso da culpa e as consequências irreversíveis de seus atos. O título "Alma Inocente" faz referência tanto à criança quanto à esposa, ambas vítimas da atitude precipitada do marido, como fica claro no trecho “Porque feri duas almas inocentes”. O desfecho da música, em que a esposa recusa o perdão por vingança, reforça o clima de tristeza e impossibilidade de redenção, mostrando como decisões impensadas podem marcar toda uma família.