BLACK ANGUS

Exclusividade e resistência em "BLACK ANGUS" de ZKR (FRA)

O título "BLACK ANGUS" funciona como uma metáfora de exclusividade e valor, indicando que certos aspectos da vida de ZKR – como dignidade, conquistas e integridade – não estão à venda. Quando o artista afirma “Non faut pas manger mon black Angus” (Não deve comer meu Black Angus), ele reforça que há limites para o que pode ser negociado, mesmo em um ambiente onde tudo parece ter preço. O verso “Dommage que pour les couilles il n'y ait pas d'argus” (Pena que para a coragem não exista uma tabela de preços) faz referência ao "Argus", guia francês de avaliação de carros usados, sugerindo que coragem e honra não têm valor de mercado, ao contrário dos bens materiais.

A letra retrata a realidade das ruas de Roubaix, misturando relatos de criminalidade, lealdade e sobrevivência. ZKR fala sobre sua trajetória e as dificuldades enfrentadas, como em “J'ai rempli le pif des blaireaux, avec de la C et de l'héro” (Enchi o nariz dos otários com cocaína e heroína) e “Je volais, je dealais en même temps” (Eu roubava, eu traficava ao mesmo tempo), mostrando seu envolvimento com o tráfico e pequenos crimes. Há também um tom de reflexão e arrependimento, como em “J'ai des larmes et des rides de regrets / Mais l'pire c'est que si c'était à refaire, je le referais” (Tenho lágrimas e rugas de arrependimento / Mas o pior é que, se tivesse que fazer de novo, eu faria). O artista valoriza a lealdade e critica a hipocrisia e as traições do meio, como em “Ils sont plein d'vices, mais c'est l'business / Des trahisons pour des marges éclatées” (Eles estão cheios de vícios, mas é o negócio / Traições por lucros destruídos).

No geral, "BLACK ANGUS" apresenta um retrato direto da vida nas periferias francesas, onde respeito, coragem e autenticidade são bens raros e inegociáveis. A música mistura orgulho, desilusão e sobrevivência, usando metáforas e gírias para mostrar a complexidade de quem vive à margem, mas mantém seus próprios valores.