Cada Cicatriz (part. Cria da Quebra)

Resistência e ancestralidade em “Cada Cicatriz (part. Cria da Quebra)”

A música “Cada Cicatriz (part. Cria da Quebra)”, do A286 com participação de Cria da Quebra, destaca como experiências de dor e sofrimento podem se transformar em símbolos de orgulho e proteção espiritual. A letra associa cada cicatriz a um Orixá, como Oxalá, Iansã e Ogum, reforçando a importância da ancestralidade e da fé na trajetória do narrador. Essa conexão direta com os Orixás mostra que as marcas físicas e emocionais não são apenas lembranças de sofrimento, mas também fontes de Axé — energia vital e força espiritual nas religiões de matriz africana.

A narrativa traz episódios marcantes da vida do protagonista, como a infância marcada pelo medo, o primeiro amor que trouxe sofrimento, o desemprego e as dificuldades familiares. Em cada situação, a presença dos Orixás é sentida como proteção e orientação. Por exemplo, quando a avó acende uma vela e canta para acalmar o medo, a letra revela que era Oxalá protegendo o menino. Na tempestade emocional do primeiro amor, é Iansã quem traz força para recomeçar. Já diante do desespero adulto, Ogum abre caminhos inesperados. Assim, a música vai além do relato pessoal e transforma as dores da periferia em aprendizado, fé e conexão espiritual. “Cada Cicatriz” valoriza a resistência, o orgulho de quem sobrevive às adversidades e a ancestralidade como fonte de força e superação.