River Lea

Raízes e autossabotagem em "River Lea" de Adele

Em "River Lea", Adele usa o rio que corta seu bairro de infância, Tottenham, como uma metáfora para mostrar como suas origens influenciam sua personalidade e seus relacionamentos. No verso “But it's in my roots, in my veins, in my blood / And I stain every heart that I use to heal the pain” (Mas está nas minhas raízes, nas minhas veias, no meu sangue / E eu mancho todo coração que uso para curar a dor), ela reconhece que carrega marcas profundas do passado, que acabam afetando quem se aproxima dela. Adele já declarou que costumava culpar o ambiente em que cresceu por seus defeitos, o que se reflete na repetição de “I blame it on the River Lea” (Eu culpo o River Lea). Essa frase mostra como, por muito tempo, ela atribuiu suas falhas ao lugar de onde veio, em vez de assumir responsabilidade por elas.

A música também revela sentimentos de autossabotagem e medo de se abrir emocionalmente. Trechos como “I'm scared to death if I let you in that you'll see I'm just a fake” (Tenho medo de que, se eu deixar você entrar, vai perceber que sou uma fraude) e “nothing ever is enough” (nada nunca é suficiente) reforçam a vulnerabilidade de Adele. A imagem de “reeves growing out of my fingertips” (juncos crescendo das minhas pontas dos dedos) sugere que, mesmo tentando se afastar do passado, ele ainda se manifesta em sua vida. Assim, "River Lea" é um desabafo sobre aceitar as próprias raízes e entender que, para seguir em frente, é preciso parar de culpar o passado e começar a se responsabilizar pelas próprias escolhas.