Monologo de Orfeu
Amália Rodrigues
Mulher mais adorada
Agora que não estás
Deixa que rompa o meu peito em soluços
Te enrustiste em minha vida
E cada hora que passa é mais porque te amar
A hora derrama o seu óleo de amor em mim, amada
E sabes de uma coisa?
Cada vez que o sofrimento vem
Essa saudade de estar perto, se longe
Ou estar mais perto, se perto
Que é que eu sei!
Essa agonia de viver fraco
O peito extravasado, o mel correndo
Essa incapacidade de me sentir mais eu, Orfeu
Tudo isso que é bem capaz
De confundir o espírito de um homem
Nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga
Esse contentamento, essa harmonia, esse corpo!
E falas essas coisas que me dão essa força
Essa coragem, esse orgulho de rei
Ah, minha Eurídice!
Meu verso, meu silêncio, minha
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