Vendedor de bucetas

Humor e crítica social em "Vendedor de bucetas" de Ary Toledo

"Vendedor de bucetas", de Ary Toledo, é marcada pelo uso inteligente de duplo sentido e trocadilhos, transformando um tema sexualmente explícito em uma narrativa cômica e popular. Ary constrói a letra como se fosse um feirante vendendo "bucetas" cultivadas no quintal, usando expressões típicas do comércio popular, como “paga duas leva três” e “aproveite freguês”. Essa escolha não só brinca com o tabu da sexualidade, mas também satiriza a lógica do comércio brasileiro, aproximando o tema do cotidiano do público.

O humor da música está na ambiguidade: enquanto a letra sugere a venda de frutas ou plantas, o duplo sentido é claro e proposital, como nos versos “Foi crescendo as bucetinha / E formou um bucetal” e “Isso aqui é coisa rara / Com cabaço são mais cara / E as larga em liquidação”. Ary Toledo utiliza o vocabulário popular para provocar risos e desafiar convenções sociais sobre o que pode ser dito em público. O refrão “Quem tem dinheiro leva / Quem não tem fica na mão” ironiza a mercantilização do desejo e a desigualdade social, mantendo o tom irreverente característico do artista. Assim, a música exemplifica o humor escrachado de Ary Toledo, que aborda temas tabus de forma acessível e divertida.