Menino de Rua
Augusto César
Chuva fina na calçada sinto frio,
E quem passa pelas rua nem me vê.
Assim como as águas correm para o rio,
Vou correndo contra o tempo pra viver.
Sou mais um menino triste que não sabe,
Nessa vida de onde veio e onde vai
Eu só sinto uma tristeza que me invade
Por não conhecer mamãe e nem papai
Não sei, porque é que eu vim pro mundo desse jeito
Só papai do céu é que é perfeito
E sabe que eu não sou feliz assim
Mas sei, que a minha casa é nesse momento
Um cobertor de folhas e de vento,
E a minha cama é um banco de jardim.
Muitas vezes sinto fome, sou esperto,
E descolo a carteira de alguém,
Na verdade eu sei que isso não é certo,
E nem sempre nesses casos me dou bem.
Quando chega o natal eu também choro
É que nunca um persente eu ganhei
Se Papai Noel não sabe onde eu moro
E nem o meu endereço eu não sei
Não sei, porque é que eu vim pro mundo desse jeito
Só papai do céu é que é perfeito
E sabe que eu não sou feliz assim
Mas sei, que a minha casa é nesse momento
Um cobertor de folhas e de vento,
E a minha cama é um banco de jardim.
Amiguinhos que eu encontro pela esquina,
Também sofrem como eu a mesma dor,
Num encontro entre cola e gasolina,
É difícil entender o que é o amor.
Mas se um dia na estrada do perigo,
Me encontrarem na sarjeta de um bordel,
Lá no chão meu corpinho estendido,
Todos vão saber na vida quem sou eu.
Não sei, porque é que eu vim pro mundo desse jeito
Só papai do céu é que é perfeito
E sabe que eu não sou feliz assim
Mas sei, que a minha casa é nesse momento
Um cobertor de folhas e de vento,
E a minha cama é um banco de jardim.
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