Iara e Eu
Augusto Teixeira
Iara, sem dó, deu de enlouquecer
Em noite de lua cheia
Na hora da maré mais rara
Inventou de ser sereia
Corria em suas veias
Água do mar
Iara, ao se afogar
Ria, ria, ria
Iara, sem ré, me esquecia
Como largava as sandálias
E, sem querer, virou poesia
Prima-irmã de Ismália
Iara era filha
De Iemanjá
Via no mar a ilha
E ia, ia, ia
Vi o luar
Se aluar
Brilhar, lilás
No mar, ali
A refletir
Iara em paz
Como um Narciso
Se atirando, indo atrás
E o vi mergulhar
Saltar do céu
A noite virou breu
E tudo o que choveu
Caiu do meu olhar
Num dia de alforria
Iara, por fim
Despida de utopia
Fria, fria, fria
Voltou pra mim
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