No Bad Days

Resiliência e ironia diante da dor em “No Bad Days”

Em “No Bad Days”, do Bastille, o refrão repetido “There’ll be no bad days” (“Não haverá dias ruins”) adquire um tom irônico quando comparado aos versos iniciais, que mencionam situações dolorosas como “aquela ligação que ninguém quer ter” e o desgaste de hospitais. A expressão direta “fuck ‘em all” (“que se dane todo mundo”) reforça uma postura de rebeldia diante do sofrimento e da burocracia da vida, sugerindo uma recusa em aceitar passivamente as adversidades impostas pelo mundo ou pelo sistema.

O contexto do álbum “Give Me The Future” e o videoclipe com referências à ficção científica ampliam o significado da música. O vídeo mostra um cientista tentando ressuscitar alguém querido, simbolizando o desejo de superar a dor e a perda por meio da tecnologia. Isso se conecta ao verso “So your future’s lost” (“Então seu futuro está perdido”), destacando que, mesmo quando o futuro parece inalcançável, o passado permanece intocado. A busca por evitar dias ruins pode ser vista tanto como um desejo legítimo quanto como uma ilusão alimentada pelos avanços tecnológicos. A música mistura esperança e resignação, sugerindo que a verdadeira ausência de dias ruins só ocorre com a morte – um consolo ambíguo, que pode ser interpretado como libertação ou como crítica à negação das emoções difíceis. O tom direto e irreverente da letra, junto à mensagem de resiliência, faz de “No Bad Days” uma reflexão sobre como enfrentamos a dor e o desejo de controlar o que está além do nosso alcance.