Why I Sing The Blues

Dor e resistência em "Why I Sing The Blues" de B.B. King

Em "Why I Sing The Blues", B.B. King transforma sua trajetória e a história dos afro-americanos em um relato direto sobre sofrimento e resistência. Logo no início, ao cantar “They brought me over on a ship / Men were standing over me / And a lot more with a whip” (Eles me trouxeram em um navio / Homens estavam sobre mim / E muitos outros com um chicote), King faz referência clara à escravidão, conectando sua dor pessoal à memória coletiva de seu povo. A música serve como um testemunho não só da vida do artista, mas também das adversidades enfrentadas por toda uma comunidade, desde a escravidão até as dificuldades nos guetos urbanos e a luta por direitos civis.

A letra detalha situações de pobreza, exclusão e promessas não cumpridas, como em “My kid's gonna grow up to be a fool / 'Cause they ain't got no more room for him in school” (Meu filho vai crescer para ser um tolo / Porque não há mais espaço para ele na escola). Esse trecho mostra a frustração diante de um sistema que perpetua a desigualdade, mesmo após tantas promessas de mudança. Imagens como “I heard the rats tell the bedbugs / To give the roaches some” (Ouvi os ratos dizerem aos percevejos / Para darem um pouco às baratas) ilustram as condições precárias de moradia, enquanto episódios como o do “blind man on the corner / Begging for a dime” (cego na esquina / Pedindo uma moeda) evidenciam a marginalização social. Ao repetir “I've really paid my dues” (Eu realmente paguei o preço), King afirma que seu direito de cantar o blues vem de uma vida marcada por lutas e resiliência, tornando a canção um manifesto de orgulho e resistência diante da adversidade.