Andrew

Desejo não correspondido e autoconhecimento em “Andrew”

A música “Andrew”, de Ben Platt, aborda de forma direta e sensível a dor de se apaixonar por alguém que não pode retribuir esse sentimento, especialmente quando essa barreira está ligada à orientação sexual. No verso “You don't wanna kiss me, 'cause I'm not at all / Like the girls in the posters that hang on your wall” (“Você não quer me beijar, porque eu não sou nem um pouco / Como as garotas dos pôsteres que você pendura na parede”), fica claro que Andrew é heterossexual, enquanto o narrador, um homem, sente-se rejeitado e deslocado por não corresponder ao ideal de desejo do outro. A canção destaca como o desejo pode ser uma força biológica incontrolável e, por vezes, cruel, como sugere o verso “It's just a cruel joke that chemicals play” (“É só uma piada cruel que os hormônios pregam”).

O contexto da carreira de Ben Platt, em uma fase mais introspectiva, se reflete na produção minimalista e confessional da faixa. A vulnerabilidade do narrador é amplificada por versos como “What a time wasting, sweet happiness-taking / Self-esteem, mess-making / Heart-breaking shame” (“Que perda de tempo, roubo de felicidade / Bagunça de autoestima / Vergonha de partir o coração”), que expressam a vergonha e o desgaste emocional de amar alguém inalcançável. Apesar da dor, a letra não culpa Andrew, reconhecendo que “there's no one to blame” (“não há ninguém a culpar”), mas evidencia o sofrimento de um amor impossível. “Andrew” transforma uma experiência pessoal de rejeição em uma reflexão universal sobre desejo, identidade e autoconhecimento.