Agoniza Mas Não Morre

Resistência e identidade cultural em “Agoniza Mas Não Morre”

“Agoniza Mas Não Morre”, interpretada por Beth Carvalho, destaca a força do samba diante das tentativas de apagamento e descaracterização cultural. O verso “Alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro” resume a ideia central da música: mesmo quando parece ameaçado, o samba sempre encontra quem o mantenha vivo, seja nas rodas de rua, nos terreiros ou nos palcos.

A letra, composta por Nelson Sargento, faz referência direta à perseguição histórica sofrida pelo samba, especialmente por ser uma expressão cultural negra e marginalizada. Isso fica claro em “Negro, forte, destemido, foi duramente perseguido, na esquina, no botequim, no terreiro”. Além disso, a canção critica a apropriação do samba por setores elitizados, como nos versos “A fidalguia do salão te abraçou, te envolveu, mudaram toda a sua estrutura, te impuseram outra cultura, e você nem percebeu”. Aqui, Sargento denuncia as mudanças impostas ao samba por uma elite que buscava adaptá-lo aos seus próprios padrões, muitas vezes desrespeitando suas origens.

A gravação de Beth Carvalho no álbum “De Pé no Chão” reforça a valorização do samba tradicional e sua capacidade de se reinventar sem perder a essência. Assim, a música se consolida como um símbolo de resistência, orgulho e afirmação da identidade cultural, celebrando a importância do samba como expressão de luta e pertencimento.