AMERIICAN REQUIEM

Identidade e resistência em "AMERIICAN REQUIEM" de Beyoncé

Em "AMERIICAN REQUIEM", Beyoncé transforma vivências pessoais de rejeição em um manifesto sobre pertencimento e identidade. Logo no início, ela destaca suas raízes no sul dos Estados Unidos: “Gadsden, Alabama / Got folk down in Galveston, rooted in Louisiana” (“Gadsden, Alabama / Tenho família em Galveston, enraizada na Louisiana”). Com isso, responde diretamente às críticas de que não seria "country o suficiente", evidenciadas no verso: “They used to say I spoke too country / Then the rejection came, said I wasn't country enough” (“Diziam que eu falava muito country / Depois veio a rejeição, disseram que eu não era country o bastante”). Beyoncé expõe a contradição enfrentada por artistas negros no country, que são vistos como forasteiros mesmo tendo raízes profundas na cultura do gênero.

A escolha do termo “requiem” — tradicionalmente uma missa fúnebre — simboliza o desejo de encerrar uma era de exclusão e iniciar uma reconstrução mais inclusiva da identidade americana. Isso aparece em versos como “Goodbye to what has been / A pretty house that we never settled in / A funeral for fair-weather friends” (“Adeus ao que foi / Uma casa bonita na qual nunca moramos / Um funeral para amigos de ocasião”), sugerindo o abandono de ilusões e relações superficiais. Ao citar “song of Abraham” e “angels guide and take my hand” (“canção de Abraão” e “anjos guiem e segurem minha mão”), Beyoncé faz referência à luta histórica dos negros americanos por aceitação e justiça, reforçada por menções ao "Little Rock Nine". O refrão “Can we stand for something? / Now is the time to face the wind” (“Podemos defender algo? / Agora é hora de enfrentar o vento”) convoca à ação e à mudança, enquanto “Can you stand me?” (“Você consegue me suportar?”) questiona se a sociedade está pronta para aceitar sua presença autêntica no country e na cultura americana.