Betty Frígida

Humor e crítica social em "Betty Frígida" da Blitz

"Betty Frígida", da Blitz, usa o humor para tratar da incompatibilidade sexual entre os personagens Roni Rústico e Betty Frígida. A banda transforma um tema delicado em algo leve e acessível, driblando a censura dos anos 1980 com criatividade. Os nomes dos personagens já trazem duplo sentido: "Roni Rústico" sugere alguém bruto e insensível, enquanto "Betty Frígida" faz referência à frigidez, termo usado para descrever a dificuldade de sentir prazer sexual. A letra brinca com esses estereótipos, como nos versos “O meu beijo te quebrava os dentes / O meu abraço nunca foi quente”, exagerando de forma cômica a falta de sintonia do casal.

Expressões como “Calma, Betty, calma” e a menção ao “Juca” (que “já fez isso uma vez”) reforçam o tom irônico e bem-humorado, além de terem virado bordões populares. A introdução, que simula a dublagem de um filme estrangeiro, e o diálogo sobre o que “aquele boçal escreveu no jornal” ampliam a sátira, parodiando clichês de cinema e a exposição pública de assuntos íntimos. O verso final, “E os urubus continuam passeando a tarde inteira entre os girassóis”, traz um toque de nonsense, sugerindo que, apesar das dificuldades e dos olhares alheios, a vida segue. O contexto de quase censura só reforça o caráter ousado da Blitz, que usou o humor para abordar tabus e criticar comportamentos sociais de forma marcante.