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Origem da música clássica: das óperas para o mundo

História da música · Por Ana Paula Marques

30 de Junho de 2022, às 12:00

A origem da música clássica é nobre, literalmente. O gênero foi criado na Europa, em meados do século XVI, para encantar a reis e rainhas, e continua a ser associado à nobreza, elegância e erudição mesmo cinco séculos depois.

Mesmo que você nunca tenha assistido a uma ópera, provavelmente já se deparou por aí com alguma música orquestral composta por grandes gênios, como Bach, Mozart e Beethoven.

Afinal, a música clássica está em todos os lugares, de desenhos animados a propagandas, e não perdeu força ou importância mesmo com o passar dos séculos… às vezes, as canções só se tornam músicas clássicas que conhecemos mas não sabemos o nome.

Que tal mergulhar na origem desse gênero musical e conhecer a origem da música clássica?

O que é música clássica?

Ao pensar na palavra “clássica”, já é possível perceber uma das características desse gênero musical apreciado por nobres, sábios e eruditos: trata-se de um estilo com características próprias, bastante peculiares em relação à música popular.

Para começar, não existe espaço para improviso. Todas as músicas são tocadas seguindo à risca a partitura, exatamente como o compositor imaginou a canção.

A partitura é uma espécie de “receita” da música, que aponta o volume, a velocidade, o tempo e a métrica da canção. Isto é, é o compositor que decide quais instrumentos estarão na música, o tamanho da orquestra e até se haverão cantores ou não.

É isso mesmo que você leu: não existem apenas músicas clássicas instrumentais, e algumas composições podem ter centenas de cantores simultaneamente!

As músicas também costumam utilizar conjuntos de sopros de metal, instrumentos de corda e até instrumentos elétricos, como guitarras, sintetizadores e até computadores, especialmente a partir do século XX.

Para os especialistas, a música erudita se assemelha a uma ciência exata, tamanha a precisão das composições. Não é à toa que os gregos antigos colocavam essa arte entre as bases do homem ideal, ao lado da destreza física, da matemática e da literatura.

O conceito de música clássica como o conhecemos hoje, no entanto, só surgiu bem depois, apenas no século XIX, quando utilizou-se o termo “clássico” para se referir à era de ouro da música, do período de Bach a Beethoven.

Qual é a origem da música clássica?

Para falar sobre a origem da música clássica, é necessário viajar no tempo até a Europa medieval, no período que vai do século V ao XV, e, posteriormente, o Renascentismo, até o século XVII.

Nessa época, os bardos utilizavam a música para contar histórias, lendas e poemas mundo afora, sempre com o objetivo de encantar quem detinha o poder, ou seja, os reis e rainhas.

À medida que o poder da Igreja Católica crescia, as pessoas que compunham músicas passaram a agregar às canções alguns valores e métricas típicos da música litúrgica cristã: nascia, então, a música clássica como a conhecemos hoje.

Além de utilizar instrumentos originados na Grécia Antiga, como liras, alaúdes e aulos (um instrumento de corda tocado com palheta), os compositores passaram a agregar corais de canto gregoriano a suas obras.

Mas foi só no período renascentista, até o século XVII, que a música erudita começou a ganhar a “cara” que tem até hoje.

O período barroco e o nascimento dos grandes clássicos

As obras eruditas foram moldadas especialmente entre os séculos XV e XVIII, um período conhecido como barroco, que introduziu instrumentos de teclado, como cravos e órgãos, e violinos à mistura musical.

Foi nessa época que começaram a surgir as primeiras peças de drama musical, as óperas, além de terem crescido as orquestras, que ganhavam cada vez mais músicos. 

Dessa mistura começaram a surgir os primeiros grandes clássicos, como Cravo Bem Temperado, do compositor alemão Johann Sebastian Bach, até hoje um dos maiores nomes do gênero.

Outros grandes nomes despontaram mundialmente nesse período, como Reincken, Frescobaldi e Antonio Vivaldi, que compôs mais de 770 obras durante sua carreira, com destaque para a atemporal Aida.

Entretanto, foi só na era seguinte, o período clássico, que a maioria das regras e dos padrões de composição se firmaram no universo erudito, trocando o cravo pelo piano e dando mais destaque à música de câmara, formada por instrumentos de corda.

Mozart e a era clássica

Por muito tempo, pouco mudou nas composições mais famosas, até que um jovem austríaco chamado Wolfgang Amadeus Mozart revolucionou de vez o gênero, introduzindo instrumentos de sopro mais refinados, como o clarinete.

Era o começo da era clássica, que mudaria os rumos da música como um todo.

Mozart fez amizade com Bach e viveu rivalidades famosas com alguns de seus contemporâneos, como Antonio Salieri, Philipp Stamitz e Cimarosa, encantando nobres da Baviera, da Áustria e de outros cantos da Europa na segunda metade do século XVIII.

Embora tenha morrido na miséria, o mais famoso compositor austríaco deixou muitas obras-primas de legado para a humanidade, como Requiem, a Sinfonia nº 40, Don Giovanni e outras peças primorosas.

Após a morte de Mozart, compositores eruditos do mundo inteiro precisaram elevar suas obras para fazer jus ao novo nível estipulado para a música clássica. 

Começa, então, o período romântico, que se estende entre os séculos XIX e XX, com melodias cada vez mais extensas e complexas.

Beethoven e o rompimento com o passado 

A era romântica foi de rompimento com os padrões do passado, com a popularização de composições mais livres, com ênfase na tensão das cordas.

Ludwig Van Beethoven
Créditos: Divulgação

Os moldes da era clássica começam a se desfazer, dando espaço para peças como noturnos, prelúdios e fantasias.

A partir do século XIX, a grand ópera cresce para atingir proporções épicas, com destaque para o Ciclo dos Anéis, de Richard Wagner, e A Sinfonia dos Mil, de Gustav Mahler, executada por uma orquestra de 150 músicos e 400 cantores.

Era o prenúncio de que algo monumental estava prestes a surgir: o alemão Ludwig Van Beethoven, que já dava seus primeiros passos na música clássica, elevou sua música a um novo patamar graças a uma tragédia pessoal.

O compositor começou a perder a audição aos 26 anos, mas não deixou que as limitações físicas impedissem seu trabalho. Com ênfase no rompimento com os padrões de outrora, o artista compôs verdadeiras obras-primas que ditariam os novos rumos da música erudita.

Heroica, Appassionata, Pastoral e outras composições de Beethoven ficariam marcadas para sempre na história da música, além de sua celebrada parceria com outro gênio, Johann Wolfgang von Goethe, na composição da peça Egmont.

A história da música clássica no Brasil

Os primeiros passos da música erudita na Europa, especialmente sua relação com a Igreja Católica, dariam o tom para a origem da música clássica brasileira.

Nos esforços para catequizar os indígenas americanos, a Igreja apostou em músicas litúrgicas orquestrais para encantar os novos fiéis.

padre José Maurício Nunes Garcia
Padre José Maurício Nunes Garcia / Créditos: Divulgação

Nessa época, destacou-se o padre José Maurício Nunes Garcia, um multi-instrumentista descendente de escravos considerado precursor da música clássica brasileira.

A chegada da Família Real de Portugal, em 1808, estimulou o acesso dos brasileiros à música erudita, então associada a nobreza, elegância e cultura.

Ao longo dos séculos seguintes, uma extensa lista de compositores brasileiros deixaria sua colaboração para a história da música, incluindo Carlos Gomes e o icônico Heitor Villa-Lobos, fundador da Academia Brasileira de Música, já na década de 1940.

A partir de então, o progresso na música clássica brasileira continuaria com a nova geração, muito bem-representada pelo maestro Mozart Camargo Guarnieri, que compôs ao lado de Villa-Lobos e Mário de Andrade.

Até hoje as obras de Guarnieri têm destaque em orquestras do mundo inteiro, incluindo a prestigiada Filarmônica de Nova York.

Conheça Beethoven, ícone da música clássica

Agora que você já conhece um pouco mais sobre a origem da música clássica, que tal mergulhar na história de um dos maiores gênios eruditos?

Vem conhecer a jornada de luta, superação e brilhantismo da biografia de Beethoven, um dos maiores nomes da história da música!

Biografia Beethoven