Faça login para habilitar sua assinatura e dê adeus aos anúncios

Fazer login

Quem foi Sister Rosetta? Tudo sobre a mãe do rock

Saber quem foi Sister Rosetta Tharpe é essencial para todo fã de rock. Entenda!

Biografias · Por Ana Paula Marques

14 de Dezembro de 2022, às 12:00

Quem gosta de rock ou simplesmente respeita o estilo musical precisa saber quem foi Sister Rosetta. Considerada a mãe do gênero, a cantora foi uma das principais influências de Elvis Presley e segue marcando o mundo da música até hoje.

Diretamente ligada à origem do rock, a artista negra e cristã de origem humilde misturou elementos do blues e do jazz para criar um ritmo que dita tendência no mundo inteiro até hoje.

Sister Rosetta Tharpe
Créditos: Divulgação

Conquistar a carreira consolidada, porém, não foi tão simples assim. Ela precisou superar a pobreza, um casamento malsucedido e muito preconceito para ficar marcada na história da música.

Vem conhecer um pouco mais sobre quem foi a primeira cantora do rock!

Quem foi Sister Rosetta Tharpe?

Para desvendar quem foi Sister Rosetta e por que ela ficou imortalizada na história da música, é necessário fazer uma viagem no tempo até o começo do século XX.

Ela nasceu em 1915, na pequena cidade de Cotton Plant, em Arkansas, nos Estados Unidos, filha de um casal de evangélicos bastante atuante na igreja local, em uma comunidade negra bastante humilde.

Sister Rosetta Tharpe
Créditos: Divulgação

Enquanto sua mãe tocava bandolim em turnês da Igreja de Deus em Cristo, a menina acabou exposta ao blues e à country music, especialmente depois de se mudar com a família para Chicago.

Do gospel para o secular

Pouco depois dessa mudança, logo na década de 1920, a pequena Rosetta Tharpe se encantou com o som metálico da guitarra e passou a experimentar diferentes técnicas e acordes importados do R&B e do jazz para criar suas próprias músicas.

Seu proto-rock era mascarado pelas apresentações de música gospel que a então pequena Rosetta fazia junto à igreja: uma maneira de evitar o preconceito dos religiosos em suas experimentações “mundanas”.

Sister Rosetta Tharpe
Créditos: Divulgação

Apelidada como “milagre da voz e do violão”, a artista criou uma nova técnica que mudaria os rumos da música: ela tocava notas com a destreza de astros do jazz e dedilhava com talento, assim como seu ídolo Memphis Minnie.

O casamento fracassado e o começo do estrelato

Ainda na igreja, com pouco menos de 20 anos de idade, ela conheceu o pastor Thomas Thorpe, com o qual se casou após um arranjo de sua mãe.

O religioso ajudou a definir, em partes, quem foi Sister Rosetta Tharpe: por um erro de grafia, a artista acabou com o sobrenome Tharpe, diferente do marido.

O casamento não foi duradouro, tampouco feliz. Tommy se aproveitou do sucesso da esposa para viver às suas custas e a relação não demorou a desandar.

Pouco depois de se separar do marido, em 1938, Sister Rosetta se mudou para Nova York e assinou um contrato com a Decca Records, que lhe rendeu suas primeiras gravações profissionais, como o EP Gospel Train, de onde veio a faixa This Train.

As músicas causaram alvoroço em boa parte dos Estados Unidos por conta da mistura inusitada de música sacra com outros ritmos. Começava, então, a carreira nacional da artista.

Quem foi Sister Rosetta: o desafio da música na Segunda Guerra Mundial

As novas gravações de Sister Rosetta a apresentaram para um grande público que ainda não havia sido “fisgado” pela música gospel, e mostrou todo o potencial para aquela jovem de origem cristã, voz rouca e dedos rápidos para o país inteiro.

Com tanto potencial assim, nem mesmo a Segunda Guerra Mundial foi capaz de parar sua ascensão. Pelo contrário, Rosetta se tornou uma das pouquíssimas artistas autorizadas a gravar v-discs para as tropas que lutavam na Europa.

Em 1944, em parceria com Sammy Price, a artista lançou o sucesso Strange Things Happening Every Day e se tornou a primeira cantora gospel a chegar ao Top 10 da Billboard: para muitos, a primeira gravação de rock and roll da história.

Não foi a única vez que Rosetta chegou ao topo das paradas. Ela também marcou história com Up Above My Head, I Believe e outros grandes hits.

Do gospel para o rock e do rock para o gospel

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, Sister Rosetta saiu em turnê nacional com a amiga e cantora Marie Knight, com quem gravou My Journey To The Sky.

A mãe do rock chegava, então, ao auge da carreira, atraindo mais de 25 mil pessoas a seus shows e lotando o Griffith Stadium, em Washington D.C., com sua voz potente.

No entanto, enquanto suas amigas e colegas do mundo da música se distanciavam do gospel rumo à música pop, Rosetta fez o caminho inverso, se  reaproximando da música gospel.

A cantora continuou a frequentar a igreja e a se apresentar em eventos religiosos. Aos poucos, foi voltando gradualmente para o gospel, embora nunca mais tenha alcançado o sucesso de outrora.

Muddy Waters e Otis Span na turnê gospel internacional 

Durante a década de 1960, quando o público internacional passou a se interessar mais pelo blues e pelo R&B, Sister Rosetta aceitou o convite para participar da turnê American Folk Blues and Gospel Caravan pelo Reino Unido.

American Folk Blues and Gospel Caravan
Créditos: Divulgação

A empreitada contava com a presença de outros grandes nomes do blues e do gospel, como Muddy Waters e Otis Span, sob administração do mago da música Joe Boyd, e não coincidentemente marcou o último grande ato da carreira da mãe do rock.

O fim da carreira e a morte de Sister Rosetta Tharpe

Depois de um começo de carreira promissor e de uma ascensão impressionante, a vida de Sister Rosetta deu uma guinada violenta no começo da década de 1970.

A cantora se apresentava normalmente naquela época, até que foi acometida por um grave derrame que deixou sequelas e resultou no fim súbito de suas apresentações para o grande público.

Aos problemas de saúde decorrentes do derrame se sucederam outros, como um agravamento de diabetes que levou à amputação de uma das pernas da cantora e a deixou para sempre acamada.

Morte sem glamour e o resgate da memória de Sister Rosetta

Em 1973, às vésperas de uma esperada gravação que a tiraria do ostracismo, a artista sofreu um novo derrame, ainda mais violento, e não resistiu.

Ela morreu em casa, sem glamour ou atenção pública, e foi enterrada em um túmulo sem identificação no Northwood Cemetery, em Filadélfia.

Sister Rosetta Tharpe
Créditos: Divulgação

Foi só em 2007 que toda a importância de Sister Rosetta acabou, enfim, reconhecida pelo Blues Hall of Fame. A cantora foi homenageada e teve seu túmulo revitalizado, com direito a lápide especial.

No mesmo ano, o governo da Pensilvânia resolveu prestar mais uma simbólica homenagem à memória da mãe do rock: o dia 11 de janeiro foi marcado como o Dia de Sister Rosetta Tharpe no estado.

A importância de Sister Rosetta para o rock

É impossível falar sobre quem foi Sister Rosetta sem apontar sua imensa importância para a música, especialmente para o rock.

Inúmeros grandes artistas do gênero admitiram terem sido diretamente influenciados pelas técnicas impecáveis da cantora, sobretudo após sua grande visibilidade no rock dos anos 1950

A lista inclui nomes como Elvis Presley, B.B. King, Bob Dylan, Aretha Franklin, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis, Etta James e Little Richard. Durante sua indicação ao Rock and Roll Hall of Fame, o ícone Johnny Cash chegou até a declarar que Sister Rosetta foi a sua cantora preferida na infância.

Mais recentemente, em celebração à indicação de Sister Rosetta ao Blues Hall of Fame, Robert Plant e Alison Krauss até gravaram um dueto da faixa Sister Rosetta Goes Before Us.

Vale lembrar, porém, que a cantora nunca foi reconhecida como ícone do rock durante a vida, o que não a impediu de conhecer o seu lugar na história do ritmo musical.

“Essas crianças e o rock and roll”, comentou a cantora no final da década de 1960. “Isso apenas acelerou o rhythm and blues. Eu venho fazendo isso desde sempre”, constatou.

Sister Rosetta e outras grandes cantoras de rock

Agora que você já sabe quem foi Sister Rosetta e quais suas contribuições para o rock, nada melhor do que conhecer as roqueiras que seguiram seu exemplo e também fizeram história no gênero!

Confira a seleção que preparamos com as melhores cantoras de rock nacionais e internacionais para conhecer e se inspirar!

Mulheres do rock