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Fazer loginA música brasileira possui muitos cantores que ajudaram a construir a sua identidade e mostrar o talento e a riqueza artística país afora. E, seja qual for a lista, certamente vamos encontrar o nome de Tim Maia nela.
Irreverente e carismático, o artista carioca deixou um legado para sua geração, trazendo para a MPB o tempero da soul music e do funk, com músicas que fazem parte da nossa memória e continuam relevantes até os dias atuais.
Com uma trajetória recheada de altos e baixos, ele já foi lembrado em musicais, biografias e filmes que trazem um pouco da sua essência. E para reavivar seus principais momentos, trazemos hoje um texto especial sobre a vida de Tim Maia!
Sinônimo de versatilidade e dono de uma voz inesquecível, Tim Maia é um dos grandes representantes e ícones da música negra no Brasil. Batizado como Sebastião Rodrigues Maia, Tim nasceu em 1942, no Rio de Janeiro, em uma numerosa família.
Nascido em família humilde, eles passavam por dificuldades financeiras na época. Para ajudar seus pais e irmãos, ele vendia marmitas, contribuindo na renda de casa.
Como todo prodígio, seu talento surgiu cedo, e aos 7 anos ele já rabiscava suas primeiras composições e participava do coral da igreja.
Aos 12 anos, após ganhar de seu pai um violão, sua afinidade com a música só aumentou. Começou a fazer aulas para aprender os primeiros acordes com o instrumento, conhecimento que ele repassou a dois importantes nomes da música brasileira: Roberto e Erasmo Carlos.
Em sua adolescência, nos anos 50, ele apreciava artistas como Elvis Presley, Little Richard, Ângela Maria e Cauby Peixoto, levando essas influências para seu repertório.
Aos 14 anos, Tim montou seu primeiro grupo, os Tijucanos do Ritmo, que durou apenas um ano. Na sequência, engatou um novo projeto, os Sputniks, grupo no qual dividiu o palco com Roberto Carlos.
Mas o destino do cantor era a carreira solo e, para aprimorar seus dotes, ele decidiu partir para uma aventura em outro país.
Em 1959, Tim perdeu seu pai. Buscando um novo rumo e melhorar seu inglês, ele partiu para os Estados Unidos, onde ficou por 4 anos.
Nesse período por terras estadunidenses, a vida de Tim foi repleta de acontecimentos. De mochilão a vocalista do The Ideals, ele aproveitou para desenvolver suas características como artista.
A troca de localidade permitiu que o cantor tivesse contato com gêneros que iriam moldar sua carreira anos depois, como a soul music e o funk.
Contudo, essa viagem trouxe alguns perrengues. Para se manter, ele praticava pequenos furtos e acabou sendo preso por posse de maconha em Daytona Beach. Como consequência, foi deportado para o Brasil.
A volta ao país tropical foi mais complicada que o imaginado. O tempo longe do Brasil diminuiu suas oportunidades, ao mesmo tempo que via antigos companheiros de banda alcançando o estrelato.
No meio disso, há boatos que, ao pedir ajuda a Roberto Carlos, ele teria sido humilhado pelo astro. Mas essa versão é controversa e nunca foi inteiramente comprovada.
Seu temperamento explosivo também não ajudava e o cantor ainda praticava pequenos delitos para se sustentar.
Na sua luta por um lugar ao Sol, Tim Maia ia escrevendo suas canções e desenvolvendo seu repertório.
Bem, todos sabemos que, pelo menos no caso de Tim Maia, os humilhados foram exaltados (😅) e a glória começou a bater em sua porta logo após a gravação de seu primeiro álbum, que inclui faixas como Azul da Cor do Mar e Primavera.
Com esse lançamento, a repercussão do nome de Tim Maia foi aumentando nos anos 70 e assim os novos sucessos ganharam o público. Só para citar alguns: Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar), Chocolate e Gostava Tanto de Você.
Apesar de talentoso, não era segredo para ninguém que Tim Maia tinha problemas pessoais e em sua carreira artística.
Explosivo, o cantor tinha episódios de descontrole e cada apresentação ao público gerava um suspense, pois as pessoas nunca sabiam se ele cantaria naquela noite, se se atrasaria ou se discutiria com os músicos com quem dividia o palco.
Esses episódios eram acentuados pelo abuso de drogas e álcool, fato nunca admitido por Tim, mas que gerou umas das frases mais lembradas de sua carreira: Eu não bebo, não fumo e não cheiro; só minto um pouquinho.
Esse perfil agitado e controlador e as manias de perseguição fizeram que ele ganhasse um apelido particular: o de síndico.
Isso porque uma vez ele chegou a disparar tiros em direção a funcionários da companhia elétrica que estavam próximos ao prédio em que ele morava.
Jorge Ben Jor viu na ocasião a chance de brincar com o amigo, que popularizou o apelido na música W/Brasil (Chama o Síndico).
Todo artista tem um período distinto, contemplado por um projeto diferente do habitual e que, se na época era visto como algo fora do eixo, mais tarde passa a virar algo cult. Com Tim Maia, foi a imersão na Cultura Racional.
O cantor entrou nesse círculo após se interessar pelo livro Universo Em Desencanto e se aproximar de um guru espiritual chamado Manuel Jacinto. Tratada como seita, a Cultura Racional pregava uma elevação espiritual.
Tim Maia embarcou nessa jornada e largou toda a vida regada a festas e drogas que levava para atingir sua purificação. Para trazer essas referências à sua musicalidade, ele mesmo criou o selo Seroma, no qual lançou dois discos: Tim Maia Racional Volume 1 e 2, hoje relíquias de colecionador.
Essa aposta trazia uma sonoridade única e inovadora, mas não foi muito comprada pelas rádios da época e os discos tiveram uma tiragem limitada.
Como já havia acontecido antes, o período mais sóbrio de Tim não durou muito tempo, e após um desentendimento com o guru, ele voltou ao status de suas composições anteriores, renegando o momento racional.
Após a sua morte, no entanto, as pessoas ficaram curiosas e correram atrás desses trabalhos, que entre as faixas mais conhecidas está a música Imunização Racional (Que Beleza).
Já contamos sobre a importância de Tim Maia no começo da carreira de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, mas também vale lembrar que as composições e canções do “síndico” foram cantadas por outros talentos da nossa música, como Elis Regina e Lulu Santos, que reinterpretou O Descobridor Dos Sete Mares.
Entre as letras escritas por Tim, uma das mais simples envelheceu mal. Vale Tudo fez um imenso sucesso na época disco, mas hoje se debate se ela de fato tem conotação homofóbica ao dizer que vale tudo, só não vale dançar homem com homem, nem mulher com mulher.
Bem, não podemos deixar de apresentar o contexto da composição. Segundo Junior Mendes, produtor e amigo do cantor, a música se referia aos bailes que agitavam as noites nos anos 80, principalmente no estilo da black music.
Os dançarinos se dividiam por gênero para ensaiar e preparar seus passos para as apresentações que eram feitas em grupos exclusivamente de homens ou só de mulheres. No entanto, em uma hora do baile, valia tudo, ou seja, misturar os pares estava permitido.
Claro que com o tempo e o esclarecimento, foi caindo a real de que a letra era usada para aumentar o preconceito com a comunidade LGBTQIA+ e a música foi sendo deixada de lado nos dias atuais.
Os hábitos pouco saudáveis prejudicaram a carreira do cantor, que, de tempos em tempos, fazia tratamentos médicos para voltar aos palcos. Porém, no dia 8 de março de 1998, Tim passou mal durante a gravação de um show para a televisão e foi internado em Niterói.
Dias mais tarde, ele não resistiu e faleceu aos 55 anos devido a uma infecção generalizada, deixando um grande legado em mais de 30 álbuns lançados.
Em 2007, o jornalista e seu amigo Nelson Motta lançou a biografia Vale Tudo — O Som e a Fúria de Tim Maia, que foi um sucesso editorial.
Esse trabalho inspirou dois outros projetos: o musical de 2011, interpretado por Tiago Abravanel, e o filme de 2014 que contou com Robson Nunes e Babu Santana vivendo a grande voz do soul nacional.
Nas composições de Tim Maia, o que não faltam são frases emblemáticas e que conquistaram o coração dos brasileiros ao longo das décadas. Vale a pena relembrar as melhores frases do maior representante da soul music nacional!
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