Análise de Vesúvio, do Djavan: desvende os mistérios da canção

Para quem é fã do Djavan, as suas letras complexas e cheias de mensagens enigmáticas já não são mais novidade.

De tempos em tempos, uma nova composição aparece, mais misteriosa que a anterior. Uma dessas canções é Vesúvio, lançada há pouco tempo pelo cantor.

A música é uma das suas melhores e mais ouvidas e dá título ao 24º álbum de sua carreira.

Apesar do álbum trazer à tona temas mais políticos, o que não é muito comum para o artista, o estilo djavaniano ainda se pode notar através dos sons, dos ritmos e da influência da natureza e das relações humanas. 

Já ouviu e curte Vesúvio e quer saber mais sobre a música? Confira a seguir a nossa análise detalhada desse sucesso, um dos muitos do Djavan, esse grande nome do cenário musical brasileiro. 

Análise da música Vesúvio, do Djavan

A música Vesúvio é cheia de imagens fortes e muito impactantes. A letra mescla várias influências que permeiam a carreira de Djavan, que você certamente já viu em suas outras produções.

Confira, a seguir, a análise das principais estrofes da canção:

A palavra Vesúvio tem sua origem em um vulcão, localizado na cidade italiana de Nápoles.

Ele foi o único na Europa a ter entrado em erupção nos últimos 100 anos e também marcou a história mundial ao ser responsável pela destruição de Pompeia e Herculano. 

Embora esteja adormecido, ainda é considerado ativo e pode entrar em atividade a qualquer momento.

Exatamente por essa força latente e fluida é que o cantor escolheu esse nome para a canção, que também explora diversos elementos da natureza, como as ondas do mar. Perceba essa influência na primeira estrofe da canção: 

Você quis namorar e eu achei divertido
Mas o mar tem onda
Começou a rolar, foi ganhando sentido
Todo mar tem onda

De acordo com Djavan, a palavra vesúvio também chamou a sua atenção porque, segundo ele, é um nome solar, iluminado, com muita energia.

Deve ser por isso que ele escreveu versos que remetem a outros elementos da natureza que têm essas características, como o Sol e o ouro. Veja alguns exemplos: 

O Sol é de ouro
O que dá pra fazer quando se perde o rumo?
O Sol cai no mar
No mar, cai no mar
E a onda é de ouro
De ouro, de ouro

Mas a relação com a erupção vulcânica é ainda mais evidente nas estrofes a seguir, principalmente pela analogia que o artista faz com uma pessoa que seduz o eu lírico e acaba transformando uma relação casual em algo mais sério. 

Assim como acontece com o vulcão, que eclode sem dar nenhum tipo de aviso prévio e é capaz transformar a vida das pessoas ao seu redor: 

Eu nunca achei que fosse nada
Pra ficar e fazer o que fez
E ver você sempre ligada
No que faz, pra ter mais, toda vez

Você é do amargo e eu sou do azedo
Mas o mar tem onda
Quando for demorar, nunca se vá tão cedo
Todo mar tem onda

Nos últimos trechos da música, temos combinados todos esses elementos da natureza e das relações amorosas, que são típicas das composições de Djavan.

O mar, as ondas, o sol e o vulcão Vesúvio associados aos amores complicados e, por vezes, impossíveis. 

Mas também vemos um pouco de sensualidade, que é outra marca registrada das composições do cantor. Olha só: 

Você tem o poder que me lembra o Vesúvio
O Sol é de ouro
Que na foz do prazer me transforma em dilúvio

E o Sol cai no mar
No mar, cai no mar
E a onda é de ouro
De ouro, de ouro

Saiba mais sobre o disco Vesúvio

O último disco lançado por Djavan, até o momento, foi Vesúvio, de 2018.

Nele, o cantor manteve várias de suas características singulares, que o acompanham desde o início de sua carreira, mas também adicionou novas nuances e se reinventou no cenário musical brasileiro.

As influências rítmicas de sempre estão presentes, como o soul, o rock, o samba, o jazz e a bossa nova.

Além disso, o contato com a natureza e os relacionamentos pessoais também aparecem nas letras e nos proporcionam frases emblemáticas.

Um exemplo disso é Orquídea, um sambinha bem gostoso de ouvir e dançar. 

Porém, nesse trabalho mais recente, Djavan resolveu explorar mais o seu lado político, principalmente porque, durante a composição do álbum, o Brasil vivia um cenário eleitoral bastante polarizado.

É claro que as reflexões do artista sobre a realidade que estávamos vivendo não ficariam de fora da obra. As faixas que seguem claramente essa linha são Solitude e Viver É Dever. 

O cantor conta que escolheu o nome Vesúvio para o título do CD exatamente pela potência do vulcão e por toda a força natural que ele exprime. A escolha da capa também teve essa intenção, tanto que foi bastante elogiada pela crítica e pelos fãs.

E tem mais inovação nessa produção mais recente. Pela primeira vez em 17 anos, Djavan gravou uma música em parceria com outro artista, o uruguaio Jorge Drexler. A canção é Meu Romance, que ganhou versão em espanhol e foi lançada também em outros países da América Latina. 

Conheça a trajetória musical e pessoal de Djavan

Agora que você conferiu a análise da música Vesúvio e conheceu também sobre o CD que leva o mesmo nome, você deve estar curioso para saber mais ainda sobre o cantor. Então, que tal ler sobre a biografia do Djavan? 

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