R.i.p. (duskCOre RemIx)

Ruptura como rito em “R.i.p. (duskCOre RemIx)” sem luto

A faixa encena um funeral simbólico: o “R-I-P” (descanse em paz) marca o epitáfio do vínculo tóxico, não da pessoa. O discurso final de cerimônia sela o rompimento como um exorcismo. A letra gira em torno de traição e autopreservação: “still alive but you’re dead to me” (ainda vivo, mas morto para mim) decreta o corte; “you keep diggin’ your own grave” (você continua cavando a própria cova) une autossabotagem ao motivo funerário. Há um inventário de hipocrisia — “glass house” (casa de vidro) aciona a ideia de “quem tem telhado de vidro” — e tentativas de inverter a culpa em “Make me the villain if you want” (me faça de vilão se quiser). O humor azedo de “your therapist will need therapy” (seu terapeuta vai precisar de terapia) reforça a decisão. Até as imagens de doença — “parasite” (parasita), “heart disease” (doença cardíaca) — reduzem o outro a um risco à saúde, legitimando distância quando surge “no, there’s no remedy” (não, não há remédio).

No som, o Bring Me The Horizon amplia o híbrido de POST HUMAN: NeX GEn (2024): metalcore, rock alternativo e eletrônica desembocam num refrão em coro, “woah-oh” (uô-ô), que transforma desdém em catarse. O andamento médio, em 90 BPM, e a tonalidade de Sol sustenido maior (G#) adicionam brilho irônico à acidez lírica, gerando um efeito de empoderamento: usar memórias ruins como combustível para seguir em frente. O remix duskCOre acentua a estética confrontativa e dançável, fazendo de “see you later, punk, R-I-P” (até mais, otário, descanse em paz) um mantra de encerramento — não é luto, é libertação com trilha de estádio.