Been That Way

Constância e distância em “Been That Way”, Bryson Tiller

O refrão “Baby, it’s been that way” (Amor, tem sido assim) funciona como um mantra defensivo: ele tenta afirmar constância quando tudo virou distância. O eu lírico lembra que o romance começou rápido — “The way we fell in love, it was almost instant” (Do jeito que nos apaixonamos, foi quase instantâneo) — e quer entender o esfriamento: “How did we become so distant?” (Como ficamos tão distantes?). Ao admitir “I had a hard time showing it at first” (Tive dificuldade de demonstrar no começo), expõe que o sentimento existe, mas a expressão falha. Ele tenta compensar com dinheiro e excessos: “All this paper we counting, blazing these ounces, Spending on you” (Todo esse dinheiro que contamos, fumando muita erva, gastando com você), gesto típico da estética trap de cuidar via presença material. Há ainda um triângulo atrapalhando: “Shorty keep telling me what to do about you/She got jealous/Cut her off!” (A mina fica me dizendo o que fazer sobre você/Ela ficou com ciúme/Cortei ela!). Ele insiste “none changed” (nada mudou) e promete foco: “Something I gotta maintain” (Algo que eu preciso manter).

No contexto de T R A P S O U L (2015), Bryson Tiller condensa o tema do álbum: amor que nasceu rápido e luta para se sustentar, entre confusão e desejo de reconciliação, sintetizado no gancho. A fusão de R&B e trap dá corpo à confissão, alternando canto e rap, enquanto “We the trap in the soul” (Nós somos o trap na alma) soa como um manifesto do som de Tiller. Há duplos sentidos que ampliam o conflito: “paper we counting” (dinheiro que contamos) é também o sucesso que cria distância; “do my thing” (fazer meu corre) tanto pode ser focar na carreira quanto sair com outras — dois gatilhos de insegurança. Por isso, o “sempre foi assim” tenta garantir o vínculo, mas também controlar o caos, preso entre querer “that old thing back” (ter de volta o que a gente tinha) e hábitos que minam a conexão.