Viva La Vida

Reflexão sobre poder e redenção em “Viva La Vida” de Cale

A versão de “Viva La Vida” interpretada por Cale, haLuna e Deep Mage mantém o foco na queda de um poder absoluto e nas consequências desse declínio, assim como na versão original do Coldplay. O trecho “I used to rule the world / Seas would rise when I gave the word” (“Eu costumava governar o mundo / Os mares se erguiam quando eu dava a ordem”) mostra o sentimento de controle total do personagem. Já “Now in the morning, I sleep alone / Sweep the streets I used to own” (“Agora, de manhã, durmo sozinho / Varrendo as ruas que eu costumava possuir”) evidencia a perda desse status e a solidão que vem depois. A frase “castles stand upon pillars of salt and pillars of sand” (“castelos erguidos sobre pilares de sal e de areia”) reforça a ideia de que o poder era frágil, construído sobre bases instáveis, fazendo referência à metáfora bíblica sobre a importância de fundamentos sólidos.

As imagens históricas e religiosas, como “Jerusalem bells a-ringin’” (“sinos de Jerusalém tocando”) e “Roman cavalry choirs are singin’” (“corais da cavalaria romana estão cantando”), ampliam o sentimento de grandiosidade e queda, sugerindo que o personagem se vê como uma figura quase mítica, mas que agora enfrenta o peso de suas escolhas. O verso “Never an honest word / And that was when I ruled the world” (“Nunca uma palavra honesta / E era quando eu governava o mundo”) revela arrependimento e autocrítica. O título, inspirado em Frida Kahlo, reforça a ideia de celebrar a vida mesmo diante da dor e da perda. A nova roupagem eletrônica da música intensifica o contraste entre nostalgia e renovação, mantendo a reflexão sobre as consequências das escolhas e a inevitabilidade das mudanças.