Mês de Maio

Dor, luto e denúncia social em “Mês de Maio”

“Mês de Maio”, de Carlos Eduardo Taddeo, aborda de forma direta a dor do luto marcada pela desigualdade social. Inspirada na morte da mãe do artista, a música revela como a falta de recursos financeiros agrava o sofrimento da perda, impedindo até mesmo um funeral digno. Isso fica claro nos versos: “Te ver partindo num caixão que a prefeitura doou / Sem uma estátua tumular de um renomado escultor / Não pude pagar pra pôr na lápide sua fotografia”. O artista expõe a impotência diante da impossibilidade de homenagear a mãe como gostaria, aprofundando o sentimento de revolta e tristeza.

A letra também faz uma crítica contundente ao sistema de saúde pública, citando o Hospital Saboya e a negligência médica: “o médico mata por omissão e finge que não resistiu”. Assim, a experiência pessoal do narrador se conecta a uma denúncia social mais ampla, mostrando como a desigualdade e o abandono estatal impactam diretamente a vida das pessoas mais pobres. O mês de maio, tradicionalmente ligado ao Dia das Mães, passa a simbolizar a ausência e a saudade: “Sem feliz dia das mães sigo em luto e sonhando / Em te reencontrar pra dizer: Te Amo”.

Além da crítica social, a música traz memórias íntimas, arrependimentos e o papel do rap e das relações pessoais como formas de resistência. O compromisso final do narrador é transformar a dor em luta, buscando evitar que outras mães passem pela mesma situação: “Minha vingança é lutar pra que outras Marias do Rosário / Não revirem lixeiras pelo cardápio diário”. “Mês de Maio” se destaca como um relato pessoal que se transforma em manifesto social, entrelaçando perda, memória e denúncia.