Não Existem Civis

Violência cotidiana e resistência em "Não Existem Civis"

"Não Existem Civis", de Carlos Eduardo Taddeo, aborda de forma direta a realidade das periferias brasileiras, onde a distinção entre civis e combatentes desaparece diante da violência constante. O título e versos como “Não existem civis, só soldados em prontidão” deixam claro que, nesses territórios, todos são forçados a adotar uma postura de sobrevivência, como se vivessem em uma zona de guerra. Taddeo utiliza imagens de armamentos, estratégias militares e referências históricas para mostrar como a vida na periferia exige táticas de autodefesa, exemplificado em “Todos são Sun Tzu's com táticas contra o extermínio” e “Aplicando, no novo Laos, dica de auto-preservação”, comparando o cotidiano dessas comunidades a conflitos internacionais.

A letra também denuncia a desigualdade social e a criminalização dos moradores das periferias, evidenciando como o Estado e as forças policiais tratam essas áreas como territórios inimigos. Trechos como “Te convocaram pro combate e simularam a base metralhada / Pra justificar sua cabeça arrancada” e “Pra que o PM matador fosse eleito deputado / Mesmo tendo na legenda o número de seus assassinatos” criticam a manipulação política e a violência policial legitimada pelo sistema. O refrão “Não é preciso se alistar, pra tá em combate / Só ter contra você um exército covarde / Que vê, com sua feição, outra nação” destaca o racismo estrutural e a desumanização, mostrando que a simples aparência já é motivo para ser alvo. O tom da música é de indignação e alerta, refletindo a experiência de quem vive sob ameaça constante, sem direito à paz ou à inocência.