Os 13

Violência policial e impunidade em “Os 13” de Carlos Eduardo Taddeo

A música “Os 13”, de Carlos Eduardo Taddeo, faz uma denúncia direta à violência policial recorrente nas periferias brasileiras, simbolizada pelo verso “Aqui o raio sempre cai no mesmo lugar”. O título faz referência ao massacre de 13 pessoas em um bar, mas também remete a outros episódios históricos, como o Massacre da Candelária, mostrando como tragédias semelhantes se repetem e raramente resultam em justiça para as vítimas.

A letra expõe como a brutalidade policial é sustentada por um “consórcio” formado por mídia, elite, polícia e judiciário, que legitima e perpetua a impunidade. Eduardo detalha esse ciclo ao abordar desde as execuções sumárias até a manipulação de provas e a desumanização das vítimas, como nos versos “Por que cobrir o rosto se não tem punição / Pra assassino que alega medo, surpresa, violenta emoção”. Ele também critica a cobertura da imprensa e o discurso oficial que justificam as mortes, além de retratar a precariedade da vida nas periferias, onde trabalhadores informais são facilmente descartados pelo sistema. Ao citar o grupo Hamas e sugerir um ataque ao Palácio da Alvorada, o artista usa uma metáfora provocativa para responsabilizar o poder público pela perpetuação da desigualdade e da violência.

A música ainda destaca o impacto das chacinas nas famílias das vítimas e a indiferença da sociedade, como em “No chão do necrotério, frio, enrijecido / Me pergunto por que as chacinas não são contra os ricos?”. A referência às crianças mortas na Candelária reforça a ideia de que a história se repete e que a luta por justiça continua sendo ignorada. “Os 13” é um retrato contundente da realidade das periferias, marcado por indignação e um apelo urgente por mudança.