Playground do Diabo

Crítica social e exclusão em “Playground do Diabo” de Carlos Eduardo Taddeo

“Playground do Diabo”, de Carlos Eduardo Taddeo, faz uma denúncia contundente sobre a realidade das instituições socioeducativas brasileiras, especialmente a Fundação Casa. O título da música já traz uma ironia marcante: o termo “playground”, normalmente associado à infância e lazer, é usado para retratar um ambiente de violência e abandono, onde jovens são expostos a condições que mais incentivam a criminalidade do que promovem ressocialização. Ao citar “versão teen de Tadmor, La Sante, Gitarama, Bang Kwang, ADX, Drapchi”, o artista compara a Fundação Casa a algumas das prisões mais violentas do mundo, reforçando a crítica de que o sistema brasileiro não recupera, mas perpetua o ciclo de exclusão e violência.

Carlos Eduardo Taddeo, conhecido por seu trabalho no Facção Central, utiliza a música para abordar temas como desigualdade social e o impacto do consumismo na juventude periférica. Isso fica evidente quando ele menciona o “marketing agressivo” e o desejo pelo “iPhone 5”, mostrando como o materialismo é imposto aos jovens das periferias, que acabam sendo criminalizados por buscar aquilo que a sociedade valoriza, mas não lhes oferece. A letra também critica o papel do Estado e da mídia, como em “quem deveria encabeçar a lista dos procurados é quem tinha que me libertar regenerado”, apontando que os verdadeiros responsáveis pela situação são os que deveriam promover a inclusão. Ao citar “Salve Madiba”, referência a Nelson Mandela, Taddeo reforça a ideia de que para entender um país é preciso conhecer seus espaços de exclusão. Assim, a música escancara a hipocrisia social e a falência das políticas públicas, mostrando que o sistema condena, em vez de recuperar, a juventude pobre.