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LetraSignificado

    Deus leva mais um que sai das trevas
    E que a paz esteja onde estiver
    Lá vem

    Ei mano, cadê a Lua? Já passa das dez, que loucura
    Algo no ar me diz que é melhor parar
    Na memória o crente que profetizou
    Na última segunda no escadão
    Erga tua mão, aceite Jesus, o mal está logo ai
    Demônio pra te perseguir sabe como é
    Ninguém bota uma fé
    Pressentimento ruim, o fulano não portava nenhum dom
    Mas sabia (ei) que a vida ali é dolorosa, certeira e cruel
    A vida inteira no banco dos réus
    Tudo que é bom dura pouco, mas logo recomeça
    Trilha de um ladrão é a vida de um poeta
    O sonho da paz, longínqua ironia
    Um prato vazio vira poesia de viver, a morte e a vida
    Quem é que pode entender?
    Olha o fulano esticado, corpo ensanguentado
    O tiozinho que passa: Que horror, que situação
    Olha a cena de cinema, luta corporal
    Eu da janela esperando o funeral passar
    Mais um preto que acabaram de matar
    Ninguém quer testemunhar, mas ai, quem matou usava farda
    É o que se pode ouvir de um boato que ficou no ar
    O pregador da paz tenta da vida ao velório
    Mas só recebe frustração
    Esta é a hora do último adeus, da última olhada
    Nunca mais, nem choro e nem risada do cara
    O caixão só retrata o que ele foi nesta vida
    Eu vou viver na segunda intenção
    A gente aprende bastante com a desgraça de alguém
    Favela é o cativeiro e pra quem foi digo amém
    Tire a roupa preta do varal, lá vem o funeral

    Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas
    E que a paz esteja onde estiver
    Lá vem
    Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz
    Só uma cruz, carregada por lágrimas, que tinha Jesus
    E uma frase gravada: Descanse em paz! (Adeus)

    No canteiro o cadáver hoje tem mais um
    Morrer com tiro pra quem erra é final comum
    Que mãe iria suportar ver seu filho tombar feito lata vazia
    Que a pivetada dá bica todo todo dia?
    Até parece mentira, por Jesus! Pare de brincar
    Eu fiz questão de olhar
    Um preto a menos sofredor
    Maldita ditadura caminhar com a segurança sempre na cintura
    Podia ser o trote que o pivete passou
    Infelizmente o julgamento é sumário
    A pontaria é nota 10 pá pá
    De PT foi difícil errar
    No rap eu tento amenizar a minha dor
    Uma bandeira de luto em tributo ao finado
    Presidiário sem o Sol
    Do Robru ao Perus, do Campanário à Brasilândia
    O sonho de criança é ver um 25 de dezembro feliz
    Sem brisa, sem pó no nariz
    Consequentemente é só loucura
    Nem eu nem você pode compreender
    Porque a polícia nos odeia tanto
    Às vezes tem que ser filha da puta pra viver com 38 carregado
    É mais fácil se manter o mano morto no caixão
    E te ensinando a viver
    Velar um corpo na rua já é um fato normal
    E o rotineiro olhar triste acompanha o funeral

    Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas
    E que a paz esteja onde estiver
    Lá vem
    Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz
    Só uma cruz, carregada por lágrimas, que tinha Jesus
    E uma frase gravada: Descanse em paz! (Adeus)

    O dia inteiro no bar, o segundo lar
    O tempo passa e a conversa fica
    Nas ideias da vila, a gente se identifica, o sorriso é escasso
    Em cada morador uma triste lembrança
    De alguém que está preso, de alguém que morreu
    E ninguém te ajuda o sofrimento é só seu
    Na ideia de pensar, você pode acreditar que a magia muda a vida
    E a ilusão é algo triste que restou
    A prisão é uma merda, andar armado pra que?
    A lei vai desfavorecer, vai condenar esse preto que está aqui
    Que sacrifício que é viver nesta selva é assim, enfim
    A gente pá, toma um susto e se levanta
    Aqui tudo era festa, a gente até conseguia sorrir
    Queimava o gato e o conhaque na moral
    Mas as drogas, que porra, acabou com essa festa
    E agora o que resta é um baú de memórias que ficaram pra trás
    Aquele mano, se lembra?
    Batia um bolão, hoje é sujeito lá na detenção
    E aquela mina? Sei lá!
    Perdeu sua postura, tinha até uma presença
    Mas o crack fez a diferença
    Correria no Russão você vê
    Que dia do caralho teve demonstração
    De como se mata um irmão em forma de tiros
    Uma vida se desfez como se apaga uma vela
    A condição de um favelado é sobrenatural
    Osso duro de roer
    Ver você feliz poucos querem saber
    O que que pega aqui é revolver na mão
    Vai pensando assim vai vivendo assim
    O que que custa para só um pouco pra pensar?
    A maldade nunca te deu nada
    Faça o governo feliz, cachimbo na boca e pó no nariz
    O resultado é só um e eu pressinto o final
    O mano morto e o maldito funeral

    Deus leva (Deus leva) mais um que sai das trevas
    E que a paz esteja onde estiver
    Lá vem
    Outro corpo abandonado, sem vida, sem alma e sem luz
    Só uma cruz, carregada por lágrimas, que tinha Jesus
    E uma frase gravada: Descanse em paz! (Adeus)

    Deus... Leva (leva) leva (leva)
    Deus... Leva (leva) leva (leva)
    Leva (leva) leva (leva)
    Deus... Leva (leva) leva (leva)
    Deus... Leva (leva) leva (leva)
    Leva (leva) leva (leva)


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