Lisboa

A Dor do Exílio e a Busca por Redenção em 'Lisboa' de Charles Aznavour

A música 'Lisboa' de Charles Aznavour é uma profunda reflexão sobre arrependimento, perda e a busca por redenção. A letra narra a história de um homem que decide deixar Lisboa, uma cidade que representa tanto sua juventude quanto seus erros. Ele se sente compelido a partir, sem um destino claro, na tentativa de apagar as memórias dolorosas e começar de novo. A cidade é descrita como uma figura quase maternal, que o acolheu em seus momentos de imaturidade e excessos, mas que agora se torna um lugar de angústia e remorso.

Aznavour utiliza metáforas poderosas para expressar a complexidade de seus sentimentos. Lisboa é personificada como uma amante e uma mãe, simbolizando tanto o amor quanto a segurança que ele encontrou na cidade. No entanto, essa segurança é quebrada pelos erros do passado, especialmente em relação a um amor que ele destruiu. A letra revela que ele foi responsável pela morte de sua amada, um evento que o enche de remorso e o leva a questionar o verdadeiro significado do amor.

A música também aborda a ideia de fuga e exílio. O protagonista se vê como um 'fuyard traqué' (fugitivo caçado) e um 'proscrit' (proscrito), alguém que precisa escapar de suas próprias memórias e dos gritos estridentes que ecoam em sua mente. Ele busca o esquecimento e um novo começo, mas a dor e a culpa o acompanham, tornando sua jornada incerta e infinita. A repetição do refrão reforça a sensação de desespero e a necessidade de se distanciar de um passado que o assombra. 'Lisboa' é, portanto, uma canção sobre a complexidade das emoções humanas, a luta interna entre o desejo de redenção e a inescapável realidade dos erros cometidos.