De Sua Formosura

A renovação e o encanto em "De Sua Formosura" de Chico Buarque

Em "De Sua Formosura", Chico Buarque explora a admiração pela beleza a partir de situações cotidianas, mostrando como o novo e o inesperado podem transformar a rotina. Um dos destaques da canção é o verso adaptado de "Morte e Vida Severina": "Belo como a coisa nova na prateleira vazia". Essa referência à obra de João Cabral de Melo Neto não só homenageia a literatura brasileira, mas também reforça a ideia de que a beleza se torna ainda mais marcante quando surge em meio à escassez ou monotonia, como um objeto inédito em um espaço vazio. Assim, a música sugere que a beleza pode ser um alívio em tempos difíceis ou de carência.

Chico constrói a canção com comparações simples e diretas, como "belo como o coqueiro que vence a areia marinha" e "belo como a última onda que o fim do mar sempre adia". Essas imagens associam a formosura à resistência, à persistência e à renovação da esperança. Expressões como "sim numa sala negativa" e "porta abrindo-se em mais saídas" funcionam como metáforas para oportunidades e aceitação em ambientes de negação ou limitação, mostrando que a beleza está ligada à possibilidade de mudança e recomeço. No final, ao comparar a beleza ao "caderno novo quando a gente o principia", Chico evoca sentimentos de renovação, expectativa e encantamento diante do que é simples, mas profundamente significativo.